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- Responsabilidade Social: Se não for por consciência, que seja por rigor técnico.
O que um consumidor leva em conta na hora de escolher um produto ou um serviço? A qualidade do produto ou os valores defendidos pela marca, como tradição e confiança? Mais do que isso, as novas gerações de consumidores exigem compromissos sociais das marcas, atitudes concretas, aplicadas na vida real. Práticas responsáveis por parte das empresas e instituições. Marketing Social e Responsabilidade Social, é sobre isso que escreve Percival Caropreso para o blog AdC de hoje. Era uma vez um tempo em que gerações de consumidores definiam sua preferência e faziam suas escolhas de compra a partir de atributos de superioridade funcional, de promessas objetivas. Os PRODUTOS criavam seu posicionamento, oferecendo desempenho mais competitivo. – De zero a 100km/h em apenas 8.3 segundos – Lava mais branco porque contém o exclusivo agente XYZPlus – Protege contra os odores da transpiração por 24 horas – Dentes mais brancos, hálito fresco – Duram 25% mais Num paralelo razoavelmente justo, essas promessas factuais de superioridade tinham a ver com a visão factual que tínhamos do Consumidor: apenas um personagem demográfico, também concreto e unidimensional (classe social, faixa etária, sexo, nível de escolaridade, localização geográfica). Era uma vez, mais recentemente, uma era em que as MARCAS se vendiam com outro tipo de promessa. – Qualidade que você conhece – Nesta você confia – A sua amiga de sempre – Aproxima as pessoas – Para compartilhar momentos – Revela quem você é Esse tipo de promessa, baseada em valores emocionais e comportamentos, se aproximava mais de uma visão expandida do Consumidor: um ser psicográfico, de carne, osso e alma, mais profundo e visto com alguma perspectiva, com vontades e ambições, com medos e angústias. Saíram Produtos, entraram Marcas. Saiu o Demográfico, entrou o Psicográfico. Saíram promessas concretas, entraram seduções abstratas. Evolução técnica, de um mundo em permanente mudança. Mudança sempre existiu, só que era lenta e gradual, dando tempo para nos acostumarmos: mudança geracional. De algum tempo para cá, o que mudou foi a velocidade com que as mudanças acontecem. Não mais mudamos DE alguma coisa PARA outra coisa. A mudança é o status-quo, é a realidade permanente, acontecendo dentro de uma mesma geração a cada 15 minutos. E o que as novas gerações de consumidores, essa moçada que chega ao mercado de consumo, espera que uma Marca ofereça? Atributos físicos e funcionais, superioridade no desempenho? Não, isso é o mínimo que um produto tem que prometer e entregar, se quiser ser competitivo para o consumidor escolado e exigente. Valores emocionais cativantes, mas inócuos porque se tornaram commodities prometidas por todo mundo? Como qualidade, tradição, confiança, compreensão, ser friendly, familiaridade, sociabilidade? Não, isso acabou virando um blábláblá que não distingue uma marca da outra, pois quase todas prometem a mesma coisa, cada uma à sua moda. Cada vez mais as novas gerações de consumidores exigem compromissos sociais das marcas, praticados de fato e comprovados na vida real. Mais do que atributos físicos ou valores emocionais, eles dão preferência a marcas com um propósito no mundo. Novos consumidores esperam que as marcas tenham ATITUDE e PRÁTICA responsáveis. É um processo irreversível. Além do ensino formal e do trabalho de catequese feito pela sociedade civil organizada, a grande Mídia dissemina Informação e forma opinião. Com o tempo e principalmente com o enfrentamento da vida real, constrói-se uma CULTURA SOCIAL nas novas gerações: consciência. Hoje, vemos um consumidor se tornando cidadão, cada vez mais rico como ser humano e como ser de consumo, mais exigente. É para esse cidadão-consumidor que as Marcas têm que forjar suas imagens. Imagens que têm que se comprovar na prática, transformadas em reputação demonstrável e auditável. Agregar traços de responsabilidade social a uma marca não é tarefa para gente apenas de boa-vontade. Não se limita a ações pontuais de boa fé, beneficentes, mecênicas, assistencialistas. A tarefa também não pode ser entendida como um ponto da agenda da Presidência ou da Vice-Presidência Corporativa, uma atividade institucional da empresa. O Marketing Social deve ser parte integrante da estratégia de business e de marketing da empresa. São programas, projetos ou mesmo ações com foco estratégico maior. Partem da visão, missão, valores da empresa. Inspiram-se e respeitam a vocação, o core-business da empresa. E têm que ser auditados, têm que apresentar resultados tanto para os negócios como para o social. Se não impregnarmos uma marca e sua imagem com ações de responsabilidade social por uma questão de consciência, então que seja por interesses de negócios. Se não for por bom-mocismo, modismo politicamente correto ou incentivos fiscais, que seja por profissionalismo, por critérios e rigor técnicos. De uma forma ou de outra, é irreversível. Prefiro de uma forma do que da outra. Setor 2½ Percival Caropreso
- HISTÓRIAS DE RESILIÊNCIA E CRIATIVIDADE EM MOMENTOS DE CRISE (PARTE 1)
Em parceria com a United Way Brasil, a AdC desenvolveu o projeto “Sustentabilidade financeira”, que iniciou em janeiro e finalizou em abril de 2021. O objetivo foi: Produzir pílulas de conteúdo a serem disseminadas por WhatsApp para famílias em vulnerabilidade socioeconômica. Com foco em educação financeira e formas alternativas de obtenção de renda, o conteúdo abordou aspectos em prol de maior independência e sustentabilidade dos participantes. Foram selecionadas, após uma profunda análise sobre quais eram os desafios e necessidades cotidianas do público-alvo, 20 famílias para uma jornada de assessorias personalizadas. OS NÚMEROS DO PROJETO: 20 famílias foram assessoradas; 34 assessorias individuais; 1 assessoria em grupo sobre Marketing com participação de 6 famílias; AS HISTÓRIAS DO PROJETO: Ainda que cada processo empreendedor das participantes, reflete diversas conquistas realizadas por elas mesmas, gostaríamos de apresentar a história de três participantes do projeto: Franciele, empreendedora de Coisas da Dinda, onde produz e comercializa chocolates, brigadeiros e produtos congelados, em Jundiaí- SP. Elaine, trabalha atualmente de forma temporária como conselheira tutelar e durante o projeto começou comercializar açaí, em Cajamar, SP. Mayara, co-proprietária do Burguer at Home em Jundiaí, SP. Nesta Jornada de Sustentabilidade do mês de abril, vamos apresentar a primeira da lista: Franciele, e em maio, vocês vão conferir a história de Elaine e Mayara! 1.FRANCIELE – O OLHAR ATENTO E A VONTADE EM AJUDAR! A Franciele, empreendedora de Coisas da Dinda em Jundiaí-SP, é um claro exemplo de uma empreendedora que procura o conhecimento e que tem como propósito trabalhar e ajudar mutuamente os outros, o que reflete diretamente no cotidiano do seu trabalho e na relação com o público. Franciele gostava de fazer doces para as festas de casa, encontrando a oportunidade de produzir e comercializar brigadeiros, percebendo a importância de se especializar no assunto fez um curso certificado sobre o processo de produção. Quando a Franciele estava voltando do seu período de licença maternidade, tinha poucas encomendas de brigadeiros e sua irmã, que tinha perdido o seu emprego no período de pandemia, estava realizando um curso sobre a elaboração de chocolates. Momento este no qual decidiram unir forças para trabalhar em sociedade e aumentar a quantidade de produtos oferecidos no empreendimento Coisas da Dinda. A produção é feita na casa da Franciele e a divulgação é feita boca a boca no condomínio onde elas moram. AS FINANÇAS: Franciele mostrou uma clara preocupação e interesse em ter uma adequada administração financeira, ainda mais por ter um negócio em sociedade, pois precisavam realizar uma divisão dos gastos e das receitas. Com as orientações da AdC, a Franciele identificou alguns custos de produção que antes não eram considerados, como por exemplo: Gastos de serviços como: energia, gás e água. Desgaste dos produtos utilizados (fogão, panela, etc). As assessorias foram direcionadas em capacitar a Franciele sobre como realizar uma melhor administração das finanças da família e do empreendimento. De acordo com os conhecimentos adquiridos, Franciele e sua sócia determinaram o salário (pró-labore) que cada uma deveria receber. A partir disso, Franciele começou a ter um registro, à mão, das finanças familiares e do negócio, para assim poder ter um controle financeiro. A GESTÃO DO TEMPO: Outro desafio enfrentado pela empreendedora foi o acúmulo de tarefas e a falta de um planejamento para definir a ordem de prioridade e o tempo destinado a cada atividade. Franciele e a sua irmã tem filhos pequenos que nos tempos de pandemia, estão o dia todo sob o cuidado das mães, demandando tempo e atenção, pelo que realizar a produção, comercialização, divulgação, administração do empreendimento e o cuidado dos filhos, estava sendo uma grande complicação para a Franciele, até o ponto dela pensar em desistir de empreender. Nesse sentido, AdC sugeriu e assessorou a Franciele sobre como realizar um planejamento do seu tempo. A empreendedora organizou e dividiu as atividades e tarefas a serem realizadas no lar e no empreendimento, estabelecendo horários para sua execução, e inclusive como disse a Franciele ter um tempo para descansar. A DIVULGAÇÃO: Durante o projeto, Franciele identificou outro eixo a ser melhorado no empreendimento: a divulgação correta dos produtos. Conversou e explicou a situação para a sócia, e juntas, elaboraram um plano para mudar a forma de divulgação e entrega dos produtos. Hoje a divulgação dos produtos é feita com um cardápio no qual descreve os produtos e o preço de cada um e as vendas são sob encomenda, evitando ter perdas de produtos, como já aconteceu no passado e conseguindo ter uma organização do tempo necessário para a produção. ENVOLVER A FAMÍLIA: Respeito, às entregas no condomínio são feitas pelo seu filho de 7 anos, para quem ela realiza um pagamento simbólico pelo seu trabalho, como ela disse nas suas palavras: “Meu filho está super feliz com isso, ele se ofereceu me ajudar, pois mostrei para ele o dinheiro que o trabalho nos traz, mesmo ele não tendo noção de valor, ele se animou”, ensinando desta forma á seu filho a ser protagonista e ajudar no desenvolvimento familiar. Durante as assessorias e outros contatos com a Franciele, foi possível perceber que um dos seus objetivos é se tornar uma empreendedora cada vez mais profissional. E para tornar esse objetivo possível, Franciele colocou a mão na massa, realizou uma reflexão honesta, identificando seus erros e aos poucos, tentando superá-los, e ela não o trabalha sozinha, ela tenta ajudar e ensinar a sua família a gerar soluções e trabalhar em equipe, pelo bem-estar da mesma. Registro fotográfico da segunda assessoria realizada com a Franciele. Instagram: @coisas.de.dinda
- Lamberti e Aventura de Construir, Parceria Transformadora
O projeto Lamberti Transforma, parceria da corporação química internacional Lamberti e da Aventura de Construir, começou visando fortalecer de forma sustentável o protagonismo de mulheres mães, duramente afetadas pela pandemia. Com foco inicial na região de Nova Odessa, sede da Lamberti Brasil, hoje o projeto abrange muito mais. Através de tutoriais, acompanhamento e ideação de soluções micro empresariais, se estão identificando e desenvolvendo negócios tradicionais e sociais comandados por estes microempreendedores. No dia 23 de março de 2021, o diretor-geral na América Latina do grupo Lamberti, Leonardo Valentinis, e a coordenadora-geral da Aventura de Construir, Silvia Caironi, tiveram uma conversa mediada por Alannah Guerrero sobre a parceria que originou o projeto Lamberti Transforma! Confira os principais assuntos extraídos dessa interessante conversa: Como tudo começou: Leonardo conta que conheceu Silvia através de um amigo em comum e foi convidado para fazer parte do Conselho Consultivo da ONG dirigida por ela, a Aventura de Construir (AdC). Leonardo nunca buscou diretamente o trabalho voluntário, e nunca desejou para si a imagem de “Bom Samaritano” que permeia os estereótipos relacionados a esse tipo de atividade, mas, ao conhecer o trabalho da AdC decidiu fazer parte, como relata em suas palavras: “Percebi que é uma coisa boa, conduzida por pessoas que fazem isso realmente se dedicando, se doando ao que estão fazendo e que não tem um discurso ideológico por trás, sendo realmente uma iniciativa cujo objetivo é gerar participação, gerar condições para que as pessoas possam viver melhor, então eu gostei da proposta” (Leonardo Valentinis) Início do Projeto Lamberti Transforma: Sobre o surgimento da ideia de um projeto em parceria com a Lamberti, Leonardo Valentinis relata que, ao acompanhar o desenvolvimento da proposta de sustentabilidade do grupo Lamberti e a produção de seu primeiro relatório de sustentabilidade em 2019, sugeriu essa parceria ao Conselho Diretor do grupo Lamberti, informando que, se eles pretendiam realmente iniciar projetos de cunho social, tínhamos uma ótima oportunidade aqui no Brasil! E como ele bem disse “Tudo que gera bem nasce de uma pessoa, não nasce de uma ideologia nem de uma definição “a priori” de alguma instituição…nasce da vontade de uma pessoa, e comigo foi assim também.” (Leonardo Valentinis) Conhecendo o trabalho da instituição, sua seriedade e a dignidade com que conduzem o trabalho, Leonardo acreditou ser um projeto que a Lamberti pudesse abraçar como companhia, não para colocar “medalhas no peito” ou criar qualquer imagem de benfeitores e sim por enxergar uma afinidade entre a visão das duas empresas, como ele relata: “O objetivo é criar riqueza no sentido de criar trabalho, então existe uma afinidade aí […] a gente gera valor, e valor não é algo que acaba em si…valor gera valor, gera crescimento e a AdC atua assim também. […] Você pode fazer o bem de várias maneiras: dar 5 reais à alguém no farol, doar pacotes de fraldas, doar cestas básicas (como fizemos doando 200 cestas à prefeitura de Nova Odessa), tudo isso é fazer o bem, e não é questão de melhor ou pior, é questão de maior afinidade com o método. Eu achei que participar de alguma coisa que não é puramente assistencial, mas que dá ferramentas para as pessoas caminharem com as próprias pernas seria algo mais afim à nossa maneira de ser (no grupo Lamberti). Para mim, as duas iniciativas tem valor, […] você pode dar assistencialismo ou realizar um projeto como o Lamberti Transforma…por isso não existe esquema à priori, as coisas acontecem conforme a necessidade e o entrosamento dos envolvidos. Minha contribuição foi sugerir essa parceria e através de minha rede de contatos abrir caminho para que mais empresas façam o mesmo.” (Leonardo Valentinis) Criando Valor Compartilhado: Na visão de Silvia Caironi o principal diferencial de se trabalhar em parceria com uma empresa privada, como a Lamberti, ao invés de contar com recursos públicos ou de outras fontes é a criação de valor compartilhado: “Empresa privada precisa ver um dinamismo, […] uma flexibilidade, é nesse sentido que introduzo o conceito de valor compartilhado. Trata-se de construir um valor, que não é só para a ONG ou para os beneficiários, e sim para todos os stakeholders do projeto. Se define junto, se enxerga junto…aí está a maior diferença entre trabalhar com empresas privadas e contar com financiamento de outras fontes. É partilhar uma visão e construir juntos uma proposta que responda a esta visão! Por exemplo, quando eu conheci o Leonardo, me impressionou muito quando fomos encontrar alguns microempreendedores e ele me falou “ – Você entende a diferença entre nós, que conseguimos estudar em boas universidades, e essas microempreendedoras? A diferença são as oportunidades que nós tivemos e elas não, não é caso de falta de potencial.” (Sílvia Caironi) O método adotado no projeto Lamberti Transforma para gerar valor compartilhado é olhar primeiro para a pessoa e para a sua realidade, então entender aquilo que pode gerar um diferencial nesse contexto e o que se deve fazer para construir oportunidades melhores para essa pessoa e para seu micro empreendimento. Assim, se unem os aspectos técnicos e humanos na construção dessas oportunidades para que a iniciativa seja realmente transformadora para todos os envolvidos desde as microempreendedoras que fazem parte do projeto até os consultores da AdC e os voluntários da Lamberti, como comentam Leonardo e Silvia: “Se não tem o aspecto pessoal envolvido fica meramente protocolar, […] antes de cumprir normas, somos pessoas. Quando trabalhamos, às vezes, é como se uma parte de nós ficasse para fora…mas nesse projeto, se não fosse o aspecto pessoal, não teria vingado, […] não teríamos nos envolvido. […] E o valor compartilhado que isso gerou foi acionar as energias das pessoas dentro de nossa empresa, enxergamos um profissionalismo nos voluntários que de outra maneira não teríamos percebido […] é uma retroalimentação que gera um crescimento e que […] abre espaço para outra maneira de enxergar o relacionamento entre as pessoas dentro da empresa, (Silvia: E de descobrir novos talentos!), isso, descobrir novos talentos, e isso são coisas que […] ocorrem de maneira inesperada, mas que geram diferencial! Percebi nas nossas pessoas envolvidas a generosidade e a entrega com que […] se prontificaram a fazer isso…eu não fui pressionar ninguém, foi livre…então acho que isso é um caminho que está levando a uma direção boa.” (Leonardo Valentinis) Responsabilidade Social com Pessoas Integrais: “Toda empresa chega a um momento, e eu acho que esse momento chegou para nós, em que é necessário assumir sua responsabilidade não só na geração de riqueza (como produtos, bens e serviços), mas uma responsabilidade também no contexto social. Por enquanto estamos vendo que iniciamos esse caminho com a AdC na direção certa[…], porque você cresce como organização, como pessoa e toma um caminho diferente […] não sabemos até onde ele chega e até onde vai mudar nossa maneira de ser e de trabalhar, mas já está trazendo mudanças…e isso é bom […], é uma mudança que permite que as pessoas possam ser elas mesmas dentro da empresa…eu diria que este é o ponto principal: estamos vendo que cada pessoa pode ser uma boa pessoa e um bom profissional, sendo uma pessoa integral…e não parcialmente ela mesma no ambiente de trabalho.” (Leonardo Valentinis) “O desafio de um projeto é aceitar que, apesar do planejamento, tem coisas que se conhecem e outras que não se conhecem […] e que podem gerar imprevistos, mas […] esses imprevistos são as reais surpresas de um projeto! O mais importante é (permitir) que o que fazemos possa nos surpreender…entendo que estamos no início deste projeto, porque só trabalhamos um mês com as beneficiárias … então não sabemos o que vai acontecer, mas se temos a tenacidade de manter a pessoa ao centro, de admitir que não sabemos o que é o melhor para os outros e damos a oportunidade dessas pessoas descobrirem quais são suas necessidades, pois isso se revela com o tempo …não é uma coisa que as pessoas já sabem antes…não sabemos antes, precisamos que as pessoas se sintam elas mesmas, num espaço seguro no qual podem comunicar tudo, dificuldades, dúvidas, problemas, coisas boas, isso se torna um ambiente de construção…de construção da pessoa e do empreendimento.” (Silvia Caironi) E assim teremos sucesso! Finalizamos a conversa com uma citação lembrada por Silvia e que resume as surpresas que podemos encontrar quando permitimos que as pessoas sejam elas mesmas e as mantemos no centro da construção: “Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para juntar madeira ou atribua-lhes tarefas e trabalho, mas sim ensine-os a desejar a infinita imensidão do oceano.” (Antoine de Saint-Exupéry)
- Como escolher panelas mais saudáveis para cozinhar
Ao pensar em uma alimentação saudável, muitos se preocupam com os alimentos que são consumidos, mas ignoram os utensílios que são utilizados em seu preparo. Estes podem interferir diretamente na qualidade do prato, prejudicando ou agregando ao valor nutricional da preparação. Existem panelas e tecnologias desenvolvidas para atender um público que preocupa-se com a saúde. Materiais específicos são mais recomendados para a preparação de alimentos, enquanto outros podem soltar resíduos e comprometer o bem-estar. Saiba escolher as panelas mais saudáveis para cozinhar e inclua utensílios de qualidade em sua rotina alimentar. Confira: Por que devo escolher uma panela mais saudável? Dietas, prescrições alimentares e o cultivo de uma vida mais saudável têm sido preocupações frequentes de muitos brasileiros que anseiam por uma vida mais fitness. Com o incremento da ciência e tecnologia, diferentes marcas e produtos são lançados na linha de utensílios para cozinha que podem contribuir com esse cotidiano saudável, criando facilidade no manuseio combinado com a segurança para a saúde. Escolher uma panela mais saudável para a preparação de seus pratos, assim como praticar os cuidados necessários para armazenamento do material, é ideal para criar alimentos seguros à saúde. Deve-se atentar principalmente para que esses materiais não soltem resíduos no momento de cozinhar e possam afetar não somente o paladar, mas também a qualidade nutricional. Como escolher a panela ideal para preparar comidas mais saudáveis Tipos de materiais Alumínio As panelas de alumínio são consideradas as mais perigosas à saúde e deve-se evitar a compra e consumo de utensílios fabricados neste material. Ainda que sejam mais baratos, leves e ótimos condutores de calor, podem gerar mais desvantagens que benefícios ao longo de seu uso. O alumínio pode soltar-se na comida durante a sua preparação, deixando no alimento resquícios do material, que são rapidamente absorvidos pelo corpo. Estudos mostram que sua toxicidade pode estar relacionada com a doença de Alzheimer e possui propriedades cancerígenas. 2. Inox Panelas de aço inoxidável são fabricadas com uma combinação de crômio e níquel, ambos componentes que podem gerar uma série de problemas de saúde aos seus utilizadores nas preparações alimentares com esse equipamento. Ainda que essas panelas sejam resistentes e duráveis, seus resíduos podem causar dores de cabeça, problemas gastrointestinais, hipertensão, doenças cardiovasculares, problemas no fígado e/ou rins, complicações neurológicas e até mesmo apresentam componentes cancerígenos. 3. Cobre O poder de condução das panelas de cobre é muito potente, tornando-se um ótimo metal para esta finalidade, permitindo que a comida seja preparada de modo mais regular, porém seu contato direto com o alimento não é uma prática saudável. O metal diretamente conectado com a comida pode proporcionar a contaminação do prato a ser preparado, podendo causar os mesmos problemas que o crômio e o níquel citados acima. 4.Teflon antiaderente Panelas e frigideiras antiaderentes são ótimas opções para a saúde e preparação de pratos com utensílios deste material, pois o teflon é quimicamente inerte e, ainda que hajam resquícios do material, este não é absorvido pelo corpo, sendo rapidamente eliminado pelo organismo. 5. Ferro fundido Panelas de ferro fundido, como muitas panelas de pressão, são indicadas à saúde, além de serem materiais bastante resistentes e que suportam altas temperaturas. Durante a preparação com panelas de ferro fundido, algumas partículas do material desprendem-se e enriquecem o alimento, tornando-se uma forma natural de ingestão de ferro que pode combater algumas doenças como a anemia. 6. Cerâmica ou vidro temperado Ainda que sejam materiais mais frágeis, as panelas de cerâmica ou vidro temperado são opções mais saudáveis para cozinhar, pois são inócuos, sem a liberação de qualquer tipo de partícula ou resíduos que possam afetar nutricionalmente as preparações, garantindo a integridade dos alimentos. 7. Pedra sabão Ainda que seja pouco comum, panelas de pedra sabão também são bastante recomendadas para a preparação de alimentos favoráveis à saúde. Não há a liberação de resíduos ou partículas do material durante a preparação dos pratos, proporcionando comidas íntegras e com valor nutricional de origem, também sem afetar o sabor dos alimentos. É necessário adaptar as receitas que serão preparadas ao tipo material das panelas que serão utilizadas, sendo que cada opção mais saudável possui suas limitações e indicações. Em panelas de teflon antiaderente, podem ser preparados pratos sem grudar no material, principalmente carnes e legumes sem o uso de óleo. Carnes e frituras podem ser preparadas mais facilmente em panelas de ferro fundido. O vidro temperado ou cerâmica não devem ser levados diretamente ao fogo, sendo ideais para preparações no forno. Já as panelas de pedra sabão normalmente são utilizadas acima de grelhas para preparar carnes e churrasco. Escolher panelas mais saudáveis para cozinhar pode contribuir para o bem-estar e saudabilidade dos alimentos, contribuindo para o valor nutricional e também para o sabor original dos alimentos, valorizando as preparações. Panelas que liberam resíduos nocivos à saúde devem ser evitadas, enquanto materiais como teflon antiaderente, vidro temperado, cerâmica, pedra sabão e ferro fundido podem ser apostas para pratos mais saudáveis. Autora: Beatriz Crinha Organização: Cozinha Profissional – Este conteúdo foi produzido pela autora Beatriz Crinha em uma parceria realizada entre a Aventura de Construir e o Cozinha Profissional
- A Síndrome do Zorro
Entre as lacunas do terceiro setor e a ambição dos profissionais de marketing, Percival Caropreso, membro do nosso Conselho Consultivo e grande inspirador, encontrou um plano onde fazer o que faz de melhor: comunicar a responsabilidade socioambiental para empresas e organizações do terceiro setor. Neste artigo, por mais antigo que seja, Percival remonta os obstáculos encontrados na construção de uma equipe vocacionada a comunicar causas socioambientais! Um tema abordado de uma forma tão atual quanto a causa em si. O vilarejo em apuros, a comunidade em pânico. Vilões assaltam o único banco, saqueiam as lojas, põem fogo nas casas. Surram os homens, desorganizados, sem liderança e sem uma defesa articulada. Espancam as crianças, estupram as mulheres. Os vilões atuam livremente, diante das forças policiais inoperantes, porque incompetentes ou despreparadas ou apenas desinteressadas, talvez corruptas. Mas eis que chega o Zorro e faz a sua parte. Afugenta os bandidos, mata alguns. Recupera o dinheiro do banco, devolve as mercadorias das lojas, apaga os incêndios. Salva as mulheres e as crianças. O Zorro atua diante do olhar passivo das forças policiais inoperantes, porque incompetentes ou despreparadas ou apenas desinteressadas ou talvez corruptas. Para falar a verdade, muitas vezes o Zorro atua também contra as forças policiais inoperantes, que teimam em atrapalhar seu trabalho em defesa da comunidade. Final feliz. Todos se abraçam, todos se emocionam, dão graças aos Céus e voltam-se para agradecer àquele mascarado maravilhoso. Cadê o cara? Do alto de uma colina, contentando-se com a sensação egocêntrica de quem acredita ter cumprido com o seu dever imediato, Zorro empina o cavalo e se despede. Egoisticamente feliz, como quem cumpriu com sua obrigação, não fez nada de mais. Afinal, é da sua índole, é da sua natureza ser discreto. Ele tem lá seus problemas. Por quê? O Zorro é sinceramente tímido? Orgulhoso, pero encabulado? Falsomodesto, aguardando a multidão gritar “Fica! Fica! Fica!”. Herói cheio de complexo de culpa, que se envergonha dos aplausos? Celebrar não faz parte do core-business do Zorro? Será falta de tempo? Será falta de verba? Será falta de um trabalho consistente? De qualquer forma, o Zorro é um herói mascarado maravilhoso, mas nada exemplar. Por que ele não trabalhou estruturalmente com a comunidade, depois que sua ação emergencial resolveu aquele problema pontualmente? Por que ele desperdiçou seu carisma, não reuniu o povo agradecido e discutiu o ocorrido, pedagogicamente? Por que ele não se preocupou em identificar os líderes naturais daquela gente e não os mobilizou para serem protagonistas? Por que ele não ensinou o vilarejo a se organizar para um próximo ataque? Por que ele não usou sua competência para capacitar a população nas artes da defesa coletiva? Por que ele não aprofundou sua ação, não buscou formar uma estrutura que permitisse à comunidade construir sua própria auto sustentabilidade (ou autodefensibilidade, no caso)? Por que ele não ensinou aquela gente a se unir com outras comunidades próximas, vizinhos também expostos às mesmas ameaças, para formar uma rede solidária de defesa? Por que ele só teve um gesto salvador de bravura momentaneamente e não construiu algo que permanecesse pra sempre naquele vilarejo? Uma nova consciência, por exemplo Este é o sintoma número 1 da Síndrome de Zorro: contentar-se com a ação em si, que se esgota nela mesma, com seus efeitos imediatos e efêmeros. O sintoma número 2 da Síndrome de Zorro começa na própria máscara: o Zorro não mostra a cara. O Zorro não divulga seus atos. O Zorro omite suas ideias. O Zorro esconde seu jogo. O Zorro acredita que sua ação social será reconhecida espontaneamente e, se isso não acontecer, tudo bem, não lhe fará falta. Este tipo de comportamento calado e inseguro é natural, consequência da Síndrome número 1 (atuar isolada e pontualmente). Pode parecer arrogância ou inocência, que são irmãs de pecado. Mas, no caso do Zorro, é falta de foco mesmo. Ele não se sente responsável pelo que acontece com o povoado. Ele é apenas um assistencialista caridoso. Ele só ampara, socorre. O Zorro não comunica o que faz, porque não o faz estrategicamente. Porque sua atuação social é tática e errática. Ela não está integrada a um pensamento corporativo ou a um plano de negócios de longo prazo, em parceria comprometida com o Terceiro e o Primeiro Setor. Porque sua atuação social não faz parte do negócio em si. Portanto, nada é planejado, nada é auditado, os resultados são pequenos e ao acaso. O Zorro trava batalhas avulsas, não uma guerra pensada. Com o seu silêncio, o Zorro perde a chance rara de fazer uma bela campanha de divulgação, séria, responsável. Sem comunicação, o Zorro não presta contas de seus feitos, não aumenta sua credibilidade, não recruta adesão, não gera engajamento, não constrói sua imagem de marca, não se diferencia dos heróis concorrentes. E o pior de tudo: sem comunicação, o Zorro despreza sua força inspiradora. Zorro não estimula o surgimento de novos Zorros, que se entusiasmem com seu sucesso, repliquem seu trabalho e atuem em rede com ele. O Zorro não entende nada de exemplaridade. Tem gente que diz que o Zorro é assim mesmo, solitário e na dele, prefere atuar sozinho e sem alarde. Dizem que ele acha cabotino e oportunista, que é muito feio se promover às custas de suas ações a favor do Bem. Sei lá, para mim o Zorro é um tonto. Setor 2½ Percival Caropreso
- AdC Entrevista: David Maderit
David dos Santos – de nome artístico David Maderit – é um rapper criado na Brasilândia, periferia da zona norte da cidade de São Paulo. Desde o segundo semestre de 2019, acompanhamos sua trajetória empreendedora. Possui um estúdio de música chamado Beat Orgânico, um empreendimento de impacto social que estimula os jovens da comunidade a buscarem uma vida mais digna e cientes da sua cidadania. Nesses quase dois anos de relação, David participou de momentos marcantes na Aventura de Construir, como o evento ProtagonizAí e os projetos Fortalecendo Protagonistas e Crescendo em Rede. Quer conhecer um pouco mais deste protagonista? Então confere a entrevista realizada com ele! Para iniciarmos nosso bate-papo, o David compartilhará um pouco da sua trajetória na Brasilândia. Minha mãe era líder comunitária na Brasilândia. Nós viemos para cá, por volta de 1988. Fomos uma das primeiras famílias, de um total de 400. No espaço no qual estamos conversando aconteceram várias coisas: aula de idiomas, também foi creche comunitária. Ela criou uma associação de mães chamada “Associação de Mães Santa Luzia” e trabalhou nesse espaço cuidando das crianças. Muitas pessoas que estão fazendo projetos, passaram pelos projetos daqui. Tem um menino chamado Marcelo Louzada, ele assina Mano Louzada, ele fez curso de espanhol aqui e hoje trabalha com iluminação de eventos, é bastante conhecido. Tem outra pessoa, ele se chama Leandro Léo e fez a novela “Rei Davi” na Record, fez “Vidas Opostas” e várias outras novelas, fez uma música com a Maria Gadú, “João de Barro”, ele também era daqui. Ele morava no Rio de Janeiro e veio para São Paulo, encontrei com ele no dia 25 de janeiro do ano passado e ele estava fazendo show com a Filarmônica de São Paulo, no Ibirapuera. Eu fiquei pra conversar com ele e ele disse: “Porra, David! Eu quero ir lá pra ver como está! Vamos voltar! Vamos fazer alguma coisa lá!”. Só que aí veio a pandemia e ele não conseguiu vir ainda. Ele queria vir tocar, né?! Mas aí também não deu. Desde esse tempo, esse pessoal vem vindo. Filho de projeto. Gente que participou de projeto social. Teve também um tempo em que o pessoal daqui precisava comer e minha mãe começou a fazer um evento que consistia em um almoço de Natal para todo mundo, a favela inteira, no dia 24 de dezembro, e movimentava tudo nesse almoço de Natal. Esse almoço aconteceu por 10 anos seguidos. O último foi em 2006, pois minha mãe pensou: “talvez não precise mais” que as coisas vão seguir de forma tranquila. Minha mãe faleceu em 2007, mas a gente conseguiu resgatar muitas das mulheres que trabalharam com ela naquela época. Então toda essa gratuidade, esta generosidade nasce como um legado da sua mãe? Sim. Ela fez parte do MDF (o Movimento de Defesa dos Favelados), porque isso aqui não era tudo assim. Era tudo barraquinho. Meus irmãos, os dois, um que tá aqui e outro que tá morando em outro lugar, foram DJ’s nas equipes de baile de São Paulo. Então eu ia nas lutas de movimento com a minha mãe, porque não tinha com quem ela me deixar. Tinha que ir com ela no final de semana. Quando você era criança? Sim, eu tinha uns 8 anos. Aqui dá para ver, foi para um evento de uns americanos que vieram. Deram como presente pra eles levar embora, então a gente escolheu essas fotos. E aí a minha influência é essa, né?! Porque eu já vim desse movimento de moradia com a coisa da música. Aí fui pro RAP e estou desde 90 e poucos Em 2001, eu trabalhei na Escola Aprendiz, que é uma das maiores, com Rubem Alves e Gilberto Dimenstein. E eu aprendi a fazer projeto lá com eles. Então tudo o que sei de projeto vem de lá. Mas passou pela Ação Educativa também. Já vinha escrevendo desde aí, pois aprendi a escrever com eles e venho seguindo desde aí. Então tem uns 20 anos que você está envolvido, né? Mais ou menos. Eu passei pela Cidade Escola Aprendiz, passei pela Ação Educativa, passei pelo Sou da Paz, passei pelas católicas, quase todas. Os franciscanos, jesuítas, Lar de Maria, passei pela maioria delas. Acho que a maioria das coisas foram assim, e aí você vai aprendendo, né?! Eu tinha essa coisa de escrever pra tudo. Eu escrevo pra tudo. Às vezes vem, às vezes não vem. Nessa trajetória tem VAI (Valorização de Iniciativas Culturais), acho que têm 4 ou 6. Têm dois ProAC (Programa de Ação Cultural). Você conseguiu alguns projetos VAI? Quase todos. O “Beat” é do VAI, durou 2010/2011. Em 2012, a gente colocou o “De Fio a Pavio”, que durou 2012/2013. Já em 2014, eu não fiz nada. Em 2015, também não. Em 2017, veio o coletivo “Nóis da Viela”. O coletivo se chama “Nóis na Viela”? É. Coletivo “Nóis da Viela”. Foi o “Nóis da Viela” que eu escrevi também. Fora isso tem o prêmio “Sabotagem”. Eu sempre montei uns fiozinhos para fazer som, gravar meus próprios RAPs, produzir minhas próprias coisas. Só que em 2009 perdi alguns trabalhos, saí do trampo e peguei o dinheiro para investir em conhecimento. Trabalhava com o quê? Ainda numa ONG. Eu trabalhei no ProJovem também dando aulas de qualificação profissional para lá, depois saí do ProJovem e estava começando numa ONG. Peguei o dinheiro e investi em um curso, onde eu já saí empregado. E aí fui pro Clube da Turma no M’Boi Mirim, saindo da Brasilândia e indo trabalhar lá na zona sul. E o Clube da Turma do M’Boi Mirim, na época, era quando o “Criança Esperança” tinha acabado de sair de lá. Eles devolveram o espaço do Clube da Turma do M’Boi Mirim e vieram para Brasilândia (pro Espaço Fazendinha). E aí tinha um menino que morava lá no Jardim Ângela e trabalhava aqui. E eu que morava aqui, trabalhava lá e uma hora a gente resolveu trocar. Aí vim pra cá pra Brasilândia, meu estúdio veio também. Do lado de uma biblioteca a gente conseguiu fazer um estúdio com caixa de ovo, isopor e espuma e gravando de graça. Por isso quando eu falo que metade do rap da Brasilândia passou na minha mão, foi aí. Fiz também uns estágios, uns trampos pro CCJ (Centro Cultural da Juventude). Na verdade, minha mãe foi uma das pessoas que pensaram para aquilo ser aquilo. Eles reuniram as lideranças e perguntaram o que ia fazer. A ideia era ser um sacolão ou uma ETEC, se não me engano. Na verdade, naquele tempo era FATEC. A ideia era uma FATEC ou ser um centro cultural. Ela foi uma das pessoas que brigou para ser um centro cultural. Então você se enxerga aqui como um articulador, uma pessoa que ajuda, tem essa sensibilidade e, ao mesmo tempo, esta capacidade de articular? Sim, a gente nunca quer ser. É uma responsabilidade grande. Essa ideia do coletivo foi isso, eu passava na rua e as pessoas falavam “David, tem muito lixo!” ou “David, estão roubando aqui!” e eu pensei que a gente precisava fazer alguma coisa e foi onde eu fiz o grupo do WhatsApp com todas as pessoas que vinham falar comigo. Depois que o grupo foi montado, a gente precisava pensar no que fazer, enquanto umas pessoas entravam e outras saiam do grupo, acabou formando o coletivo. Sobre o lixo de lá, ainda estamos brigando em relação a esse problema. Tem várias brigas que a gente luta, e não sei como resolver. Representatividade política é o que falta! Pode falar um pouco mais sobre como você enxerga as questões de articulação política? Nunca pensei que precisasse, pois a gente sempre conseguiu coisas de outras formas. Mas atualmente eu percebo que isso está começando a se tornar mais necessário. Ano passado a gente apoiou os candidatos que queriam vir e mostramos os problemas, pois a gente quer construir e não adianta simplesmente pegar alguém e apenas apoiar. Esses tempos passou uma adutora por lá, quebraram a viela inteira, a SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) disse que era para passar mais água por um cano maior e avisou que era para cada um comprar seus cavaletes e relógios. O pessoal comprou tudo e nunca mais voltaram. A gente vai na SABESP e não acha, então o descaso com o público é muito grande. A única coisa que a gente não reclama é o transporte público, temos 8 linhas de ônibus, mas de resto… Você já tem uma bela trajetória, né?! Por que você foi procurar a Aventura de Construir? E o que a Aventura de Construir trouxe para você depois de toda essa jornada que você estava desenvolvendo? Nunca levei muito a sério essa questão do estúdio, então acho que esse negócio de me formalizar me fez vir para a Aventura de Construir. Eu conheci vocês lá na Associação de Moradores da Cleusa. A minha companheira já participava e ela perguntou se eu poderia ir, pois ela não podia, e eu disse: “claro, não estou fazendo nada”. Eu fui na reunião e ouvi a Raquel falar. Não consegui falar com ela quando terminou. Mas ela disse: “depois a gente conversa”. No final do ano encontrei a Taynara e ela me disse que achava os meus projetos legais e que a gente podia tentar escrever. Foi importante a Aventura de Construir porque eu gravei muito pouco ou nada durante a pandemia e o que me ajudou muito foi o carro do ovo (ICE e AdC juntos para enfrentar a pandemia!), fazer as vinhetas e correr com ele. Daquilo que a gente começou com a Aventura de Construir, rendeu mais parcerias com o pessoal daqui, além de outros projetos; a gente fez o carro do ovo e o pessoal estava pagando para pegar umas cestas orgânicas lá na Freguesia do Ó para trazer e poder distribuir. Pensei o seguinte: “O carro do ovo tá aí, vamos fazer porque a gente tem 3 carros para ir buscar”. Por semana a gente carregava mais de 150 kits de saúde e cestas básicas. No carro só vinha eu e mais 22 cestas, que era uma cesta grande de orgânico, aí vinha o Brava, o Corsa e o Pálio cheio de cesta. A gente fazia esse rolê toda sexta-feira. Fora isso tinha o projeto da Companhia Teatro da Laje, que a gente também começou a fazer essas coisas para pegar doação. Se desse para ir, a gente pegava sempre. Você que participou do projeto Crescendo em Rede, quando pensa em rede, o que te vem à cabeça? Uma rede onde todo mundo tá ligado de alguma forma. Eu acho que em uma rede, quando todo mundo tá ligado sempre, tem aquela questão de fidelidade e lealdade, sabe? Eu acho que sou muito mais leal do que fiel, entendeu? Então eu acho que é o que a gente está falando, cada um tá rodando no seu lugar, mas sabe da necessidade do outro e sabe que pode procurar a ajuda do outro. Isso para mim é lealdade. Por isso eu acho a lealdade mais valorosa. Para mim, rede é isso aí; fortalecer o vínculo com as pessoas até que chegue nesse nível de troca de todos os jeitos, seja informação, contato, grana… Quando a gente era colocado em grupos [de Whatsapp] menores e conversava sobre os problemas e dificuldades, acho que aquilo ali era uma afinidade. E aí cria pessoas que você pode procurar depois, né?! Tem uns nomes ali que eu guardei. E como você sente a relação com as pessoas dessa rede? Agora mais distante. Porque ali tinham pessoas que eram super estruturadas, outras que estavam se estruturando. Eu, nesse projeto, era uma pessoa que estava me estruturando. Eu escrevo muito para rede social, mas escrever sobre impacto social para mim é diferente. Toda vez que vai precificar, eu já tenho dificuldade. Para encerrar, nos conte sobre os seus projetos atuais. Eu estou com um projetinho que, na época, tinha 4 anos, e hoje tem 6. Eu tenho uma equipe que veio do coletivo e também não sei se vai seguir. Quando a gente montou a ideia, que seria doar um dia do mês – esse dia seria o primeiro sábado do mês – chegando no sábado, a gente já podia cobrar a pessoa porque é uma coisa que ela quer fazer. Estando em coletivo, a gente não tem hierarquia, lógico que tem aquela coisa de “vocês chegaram em mim primeiro”, então vou ter que dar uma palavra aqui. Eu falo pelo coletivo, não tem como.
- Turismo que transforma: conheça o Roteiros Velho Chico
A Jornada de Sustentabilidade do mês trás o empreendedor social Leidson Nunes e sua agência de turismo, a Roteiros Velho Chico , localizada em Itacarambi, ao norte de Minas Gerais, a agência oferece roteiros de ecoturismo aos visitantes e se envolve com a profissionalização da atividade turística nas comunidades locais, por meio de atividades como palestras, rodas de conversa, estruturação de conselhos e câmaras temáticas. Conheça mais sobre o empreendimento social nessa postagem e seus projetos criativos. “Nosso coração é a transformação de potencial turístico em produto turístico. Produto que vai gerar renda e valor para essas pessoas. Que construímos escutando as lideranças comunitárias.” É assim que Leidson Nunes, fundador do Roteiros Velho Chico, define a RVC (Roteiros Velho Chico). Localizada no norte de Minas Gerais, iniciou as atividades em 2012, especializando-se no Parque Nacional Cavernas do Peruaçu e tudo que a região, banhada pelas águas do Rio São Francisco, tem a oferecer aos turistas: a experiência de conhecer as maravilhas naturais enquanto imerso na cultura local. A articulação em torno do potencial turístico da região vem da paixão de Leidson pela região e seus encantos, que é muito diferente da imagem que persiste no imaginário geral de que seria uma região estéril, casa de pessoas em situação de miséria. Ao passo que quebra tais estereótipos sobre o local e seu povo, a RVC enfrenta o que entende como problema central para o desenvolvimento da região: a baixa renda da população e seus efeitos, como desvalorização do próprio trabalho e baixa auto estima. Paisagem do Parque Nacional Cavernas do Peruaçu. Ao longo dos anos, Roteiros Velhos Chico mobilizou e mobiliza organizações locais de pequenos produtores, envolvendo-os na construção de roteiros turísticos que constituam um impacto real em suas rendas e produções. Hoje conta com sete principais associações parceiras de comunidades do entorno do Parque Nacional, que contabilizam mais de 40 pessoas impactadas. Desde 2012 a RVC já proporcionou a descoberta dos encantos do norte de Minas Gerais para mais de 900 pessoas. Oferecendo roteiros turísticos de 1 a 7 dias de duração, os visitantes adquirem uma média de 15 produtos locais em suas estadias, injetando dinheiro nas comunidades através de roteiros por elas pensadas e protagonizadas. Geração de renda e trabalho, estamos falando de um negócio de impacto social! Leidson Nunes participou conosco do projeto Crescendo em Rede, ao longo do qual compartilhou suas experiências empreendedoras de forma extremamente ativa e solicita, sendo o Roteiros Velho Chico um dos empreendimentos contemplados pelo capital-semente Crescendo em Rede. Ao longo das assessorias individuais, Leidson estruturou o Plano de Negócios do empreendimento. No ano de 2019 o faturamento da RVC possibilitou que o empreendedor criasse um caixa do empreendimento, guardando cerca de 20% do faturamento total. O que possibilitou a sobrevivência em meio à pandemia do empreendimento foi o protagonismo e planejamento financeiro de Leidson. Com a chegada do Covid-19, Leidson pode contar com o caixa que consolidou. O empreendedor vem se atualizando e aprimorando constantemente. Sempre antenado às tendências e necessidades próprias e de seus pares, prepara estratégias de captação alternativas em meio à pandemia. Leidson realizou estudos e ações de conscientização para capacitar as comunidades para a recepção de turistas quando em fases mais controladas da pandemia, o que possibilitou a recepção de mais de 50 turistas nos últimos 6 meses. Além disso, a RVC trabalhou criativamente em alternativas de complemento de renda com a venda de equipamentos de escalada e rappel que estavam parados e o novo serviço baseado na experiência turística de Leidson: a consultoria em Levantamento de Potencial Turístico. É feita uma prospecção das áreas de interesse turístico, avaliando o potencial das atrações para que sejam desenvolvidos produtos turísticos. A RVC entrega então um relatório do trabalho como forma de registro, organização das informações e recomendações de ações necessárias para a conversão do atrativo em produto turístico. Os valores ainda são pequenos se comparado com o percentual de faturamento da RVC de 2019. Foram 2 atividades realizadas no último semestre com o Levantamento, somados às vendas de equipamentos e à recepção de turistas no período, resultou-se no faturamento que possibilitou a continuidade das atividades da RVC. Uma empresa que mobiliza as comunidades de uma região preciosa, trazendo-as ao centro da elaboração dos produtos turísticos. Leidson assim garante que as comunidades e, mais importante, as pessoas se entendam como protagonistas dessa história, das vivências que turistas experimentam – e voltarão a experimentar -, no Parque Nacional das Cavernas do Peruaçu e região. As comunidades são transformadas ao receberem esses turistas que se encantam com o estilo de vida local, artesanatos e quitutes. O principal: transformadas por elas mesmas. Fique por dentro das atividades da RVC pelas redes sociais! Siga no instagram o @roteirosvelhochico.rvc e Facebook na página do Roteiros do Velho Chico – RVC. Seu João, parceiro da RVC. Aventure-se Empreendedor! Tem interesse em participar dos projetos GRATUITOS da Aventura de Construir? Deixe suas informações e avisaremos quando abrir as inscrições para o próximo!Ative o JavaScript no seu navegador para preencher este formulário. Nome Completo * E-mail Telefone (com DDD) Cidade Enviar
- AdC Entrevista: Raquel Simão
Na entrevista de hoje, trouxemos um bate papo com Raquel Simão, responsável da área de Desenvolvimento de Projetos da Aventura de Construir desde 2019. Ela nos conta sobre sua história e o seu crescimento pessoal e profissional dentro da Instituição, além do novo projeto “Lamberti Transforma”, pensado para capacitar e acompanhar mulheres empreendedoras em Nova Odessa. Trata-se de um público muito afetado pela crise gerada pelo COVID e nós, em parceria com a Lamberti, queremos estar ao lado delas para gerar uma transformação que permita se reinventar neste momento! Confira abaixo o bate-papo que a AdC teve com ela. Raquel, conte-nos um pouco de sua história com a AdC e de seu papel como líder do projeto “Lamberti Transforma” dentro da AdC Entrei na Aventura de Construir em maio de 2019. Sou formada em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e no momento em que ingressei na AdC tive a oportunidade de unir o conhecimento técnico com a prática da realidade. O apoio e orientação da equipe foi e é fundamental para fortalecer o meu papel como coordenadora da Área de Desenvolvimento de Projeto. Entendo este processo como algo vivo e que a cada dia que passa pode ser aprofundado e melhorado. Hoje os meus desafios não são os mesmos de 2019, mas, é no processo da superação destas dificuldades que ganho fôlego e novas técnicas para enfrentar o que vem pela frente. Sempre levando em consideração a realidade de cada momento para identificar as reais necessidades dos beneficiários. O 1º método de trabalho do AdC é “Partir da realidade” e o 2º é “Gerar protagonismo acreditando na centralidade da pessoa”. Silvia Caironi, presidente da AdC, realiza cotidianamente um intenso trabalho para que estes métodos sejam vivenciados dentro da instituição, no relacionamento entre equipe e beneficiários e, sobretudo, no desenho e implementação de um novo projeto. Ser linha de frente no projeto “Lamberti Transforma” é um enorme desafio no qual eu me lanço com profundidade, unindo as experiências concretas vivenciadas em outros projetos realizados pela AdC em 2020 com o frescor do que é novo e exige criatividade. O meu papel e de minha equipe pode ser visto como algo muito simples: criar conteúdos, multiplicá-los, entrar em contato com as participantes, facilitar aulas, montar cronogramas, entre outras atividades. Mas existe algo sutil que venho aprendendo na AdC: despertar o interesse nas pessoas para que elas aproveitem ao máximo o projeto e consigam identificar suas reais necessidades e formas de superá-las. Eis, ao meu ver, um dos maiores e mais empolgantes desafios. Como o contexto socioeconômico, percebido pela ONG através de seus membros e alunos, mudou durante a pandemia de COVID-19? Desde março de 2020, passamos a realizar nossas atividades de forma remota em decorrência da pandemia de Covid-19. Para tal, adotamos a estratégia de realizar ligações individuais para conscientizar nosso público sobre a pandemia, buscando compreender a situação de vulnerabilidade de cada um para fornecer orientações sobre como seguir trabalhando diante deste cenário ou mesmo como buscar outras oportunidades de trabalho, sempre lembrando da importância do autocuidado e do fortalecimento da economia local. Em abril de 2020, após a 1ª etapa de ligações e sistematização dos dados, contabilizamos que 46% dos empreendedores atendidos diziam ter recursos para se manterem por 3 meses e 23% que não conseguiriam passar mais de 15 dias com o orçamento disponível naquele momento. As orientações para enfrentar este cenário levou em consideração a realidade de cada beneficiário e os eixos de atuação foram: 1. Apoio técnico por meio de assessorias e capacitações on-line; 2. Atenção para novas oportunidades relacionadas ao público: plataforma de financiamento coletivo Matchfunding Enfrente, Fundo Emergencial Mulher Empreendedora (Fundação Casas Bahia), Empreendedoras Periféricas (Grupo Pão de Açúcar) e Plataforma LeVila. 3. Apesar de não ser a área de atuação da AdC, o cenário exigiu novos movimentos e a equipe entrou em contato com o Banco de Alimentos, sendo contemplada com a doação de 500 vouchers compras no valor médio de R$ 110,00 para serem distribuídos entre a rede de beneficiários e indicações dos mesmos. Em dezembro de 2020, contabilizamos mais de 30 empreendedores envolvidos em iniciativas de captação de recursos, chegando a mais de R$200.000,00. Com os cartões disponibilizados pelo Banco de Alimentos, 500 famílias foram beneficiadas e 8 microempreendedores da AdC atuaram como multiplicadores em seus bairros, identificando o público em vulnerabilidade social, sistematizando planilhas, efetuando registros fotográficos e por fim, realizando a distribuição dos cartões. Entendemos que a atuação da AdC contribuiu para que os beneficiários criassem suas próprias condições para enfrentar a crise. Muitos hábitos positivos adquiridos neste momento foram incorporados na rotina de muitos, como a utilização de ferramentas tecnológicas para participar de capacitações e assessorias. Essa transição não foi simples e nem deveria ser, afinal, lidamos com pessoas. Por isso, a equipe AdC precisou de muita criatividade e flexibilidade para conseguir encontrar formas de estar atenta aos sinais também pelo virtual, assim como para desenvolver novas estratégias que garantissem a presença de um “outro olhar” dentro deste “outro normal”. Neste contexto, por que decidiu-se trabalhar principalmente com mulheres? Durante a etapa de idealização do projeto, foi colocado por parte da Lamberti a importância em se trabalhar com o público feminino. A AdC mais uma vez partiu da realidade e a examinou profundamente para entender os caminhos possíveis desta nova jornada. Para além da evidente desigualdade de gênero no mundo do trabalho, a pandemia de Covid-19 acentuou ainda mais a diferença entre homens e mulheres neste campo. Conforme aponta o gráfico acima divulgado em matéria do G1 em outubro de 2020, um grande número de mulheres precisaram abrir mão de suas atividades profissionais para cuidar das crianças, as quais deixaram de frequentar creches e escolas. Na comparação, fica evidente como as mulheres foram mais afetadas em relação aos homens no 2° trimestre de 2020. Diante deste cenário, entendemos a necessidade ainda mais urgente em fornecer orientações para que mulheres possam realizar atividades empreendedoras partindo do uso da tecnologia e do universo digital nos próprios lares Quais são os objetivos do curso que será oferecido no projeto “Lamberti Transforma” e os principais tópicos que serão abordados? Desenvolver uma jornada híbrida de aprendizagem humana integral que prepare 50 mulheres microempreendedoras a usufruírem da realidade virtual, garantindo uma alfabetização em informática que seja eficaz e aplicável às ofertas de produtos e serviços num cenário de pandemia e pós-pandemia que nos impõe uma série de adaptações nos modelos de negócios e desafios para viver um “outro normal”. Para entender os temas mais necessários neste cenário, estudamos os conteúdos dos projetos desenhados em 2020 com o seguinte olhar: sobre quais eixos temáticos o público apresentou suas maiores dúvidas e dificuldades? Um dos métodos das capacitações da AdC é a Ficha de Avaliação: questionário (neste momento um Formulário Google) enviado ao término da semana de aula para avaliar a didática da equipe, mensurar as dificuldades do público e colher informações da realidade dos participantes para utilizar como ponto de partida das próximas aulas. Sabemos que cada público apresenta suas necessidades, porém a análise realizada sobre as Fichas de Avaliação nos mostraram algumas tendências que orientaram o desenho dos temas para as capacitações do projeto “Lamberti Transforma” e são eles: 1. Tutorial de acesso ao Zoom; 2. Ferramentas de produtividade para gestão pessoal e do empreendimento; 3. Finanças e contabilidade 4. Presença digital: Redes sociais e Marketing. Estes temas apresentam um desenho geral que será aprofundado posteriormente na etapa de assessorias (2ª etapa do projeto). Antes do início das aulas foi realizado um questionário com os inscritos para validar estas dificuldades e mensurá-las numa escala de 1 a 5, entendendo que 1 significa sem dificuldade e 5 muita dificuldade. Uma média de 50% dos inscritos responderam e compartilho alguns dados: ● Mais de 60% dos participantes entendem que apresentam muita dificuldade sobre o tema de finanças e contabilidade; ● Mais da metade dos participantes entendem que apresentam muita dificuldade sobre redes sociais e marketing; ● A maioria dos participantes entendem que apresentam dificuldade média (3) sobre o tema de planejamento do negócio. Estas ferramentas servem para auxiliar o desenho das aulas, mas o olhar permanece sempre atento. Se for necessário alguma adaptação, estaremos abertos. Garantir o alcance do objetivo do projeto é uma meta! Metas apresentam prazos e planejamento, mas entendo também que estão repletas de expectativas. A maior delas é, de fato, democratizar o uso das novas tecnologias, pois elas são as ferramentas capazes de gerar oportunidades de renda e emprego para um público que ainda tem acesso restrito a este tipo de conhecimento. Além disso, promover uma real mudança de mindset me parece algo importante para que os participantes desenvolvam uma atitude flexível, proativa, colaborativa e aberta a aprender. Queremos ao fim, ter concretamente alguns novos modelos de negócio. Para além disto, uma expectativa que permeia sempre o meu trabalho é a criação de vínculos de uma forma natural. E não apenas entre equipe e participantes, mas entre os próprios participantes. Acredito que o vínculo dentro de um espaço virtual é ainda mais desafiador de acontecer, mas quando surge, gera uma potência transformadora. Outra expectativa que compartilho é que os participantes saiam do curso aprendendo a valorizar mais seus pequenos passos. Vivemos em um mundo em que muito se fala de metas inalcançáveis, mas estas só geram frustrações e nos paralisam. A partir da valorização dos pequenos passos, a força ganha forma e vamos além… Haverá um acompanhamento d@s alun@s após o término das aulas? Como será feito? Sim! Após a etapa de tutoriais em informática e empreendedorismo, entramos na etapa de assessorias. Antes de falar propriamente sobre ela, acho importante contextualizar um pouco. Desde 2013, a AdC trabalha com uma metodologia 360⁰ própria de assessorias presenciais que contempla a cada beneficiário: primeiro o acesso ao universo do empreendedor com análise macro da realidade socioeconômica, incluindo os desafios e oportunidades. O “raio X” da pessoa é feito em paralelo com o do empreendimento. À medida que o vínculo é construído, se aprofunda mais. E para isto acontecer, é preciso exercitar a escuta ativa e atenta seguida por perguntas e orientações customizadas. Em meu entendimento, um dos pontos mais importantes para esta estrutura ganhar força e fazer sentido a partir das necessidades concretas dos beneficiários é o acompanhamento contínuo e autodiagnóstico. Como já comentei, a transição do presencial para o on-line foi e ainda é um grande desafio. Para ultrapassar esta barreira do desconforto com a tecnologia, realizamos uma série de tutoriais específicos. O contato que antes, no presencial, era mais espaçado, foi se tornando mais frequente e intenso. Este formato garantiu um maior engajamento dos participantes e possibilitou um encurtamento das distâncias e a observação do universo do outro. Essa transição possibilitou a continuação do trabalho neste momento tão fundamental e garantiu a partir de uma experiência concreta, novas propostas, como o projeto “Lamberti Transforma”. Neste projeto, após os tutoriais, adentramos na segunda etapa do projeto: cada beneficiária receberá 3 assessorias personalizadas e individuais, sendo que a última etapa esperemos possa ocorrer presencialmente – etapa na qual também se realizará a preparação das participantes para prototipar modelos de negócio que sejam sustentáveis, gerando renda e trabalho. Será também a oportunidade para aprender a expor em lives e assim tornar possível o mecanismo de scale up do projeto para mais beneficiárias na região e em novos territórios.
- AdC Entrevista: Vitones (Parte II)
Curtiu a primeira parte da entrevista com Vitones? Nesta segunda parte você confere um pouco mais da conversa que tivemos com o artivista multimídia, que falou um pouco mais sobre o seu trabalho. Confira o restante a seguir: Qual é o legado que você traz para você com este trabalho? O que fica com você depois disso? Acho que fortalece minha vontade de continuar fazendo isso, de trazer essa representatividade de outra forma. E fica comigo uma experiência com muitas lições, porque estava imaginando uma coisa, eu me limitei e não pude construir desse jeito que eu pensei. Vai ficar comigo uma noção melhor de elasticidade, de estar pronto para o que acontecer. Eu estava com um plano, queria fazer de uma maneira e não pensei no que poderia acontecer, mas talvez por estar com falta de ritmo – pois eu pintava com bastante frequência e hoje eu divido meu tempo com outras coisas em minha vida. Eu não faria isso se não tivesse significado pessoal, pois eu vejo que isso reflete em outros processos que estou vivenciando de ter outras pessoas envolvidas, de cada um ter sua importância nisso. Em resumo, isso tudo confirmou alguns conceitos e pensamentos que me potencializam a querer mais. Estou com sede! Você expressa através de uma arte algo que você tem dentro. Então qual é a coisa mais preciosa que você quer compartilhar e exprimir através dela? Unidade na diversidade. Transformar todas as palavras em amor, é isso que eu quero trazer no desenho. A unidade na diversidade, as diferentes coisas que eu faço tem uma unidade quando estão juntas. Ver como a vida é linda e é possível tanta coisa. Por isso que desenho várias coisas além de animais, eu só não quero me limitar dizendo “eu sou isso aqui”. Qual é o maior aprendizado neste trabalho? Eu acho que o trabalho me faz bem. Eu valorizo o que eu faço, mas só por amor não dá para trabalhar. Então eu signifiquei o trabalho para trazer o tema da diversão para perto. Qual é o diferencial que tem na sua arte em relação a outros artistas que fazem um trabalho como o seu? Eu acho que tem a minha mão, literalmente. Eu enfio a mão na parede e talvez isso seja um lance forte meu, que dá uma característica muito importante. Eu sou apaixonado pela expressão das pessoas e quanto mais expressão tiver, até mesmo naif, melhor. E o que faço é carregado de atitude, das minhas intenções, para que fique vivo. Eu tento estabelecer o máximo de relação com aquilo para que fique com a máxima potência e esse entusiasmo é um diferencial meu. Quais são suas referências? Hoje em dia eu não tenho isso, porque depois que eu comecei a estudar eu comecei a buscar o que está dentro de mim. Talvez quem esteja muito presente no meu trabalho é o Van Gogh. Eu gostava dele antes de pintar, porque ele colocava o que ele estava sentindo e isso para mim é importante, a expressão genuína. Tendem a me colocar num patamar superior como se isso fosse um dom, mas não é tão simples, pois eu estudei para isso e você tem que buscar dentro de você mesmo. Depois que eu comecei a estudar, eu me livrei das referências, não tenho mais isso. Eu gosto e acompanho pessoas que pintam e se expressam de uma maneira parecida com a minha, isso vai me direcionando por alguns caminhos. Amo o trabalho de amigos aqui de São Paulo e outros que estão aí pelo mundo que foram minhas referências, mas como eu estou sempre buscando melhorar, chega um momento em que essas referências se esgotam. Voltamos ao ponto da pergunta que você perdeu… O que significa esse processo de mergulhar naquilo que você tem dentro de você? Eu vejo como um processo tipo a fotografia, vou registrando diversos pontos de vista e tento congelar uma cena em movimento, que seja ao vivo e que o telespectador consiga visualizar a próxima ação. E como você descobre esse processo? Eu estou sempre lendo sobre tudo, eu pinto animais porque teve um momento que eu li sobre algo que me fez ver a beleza dos animais e por isso desenho eles até hoje. Para você estudar significa estudar técnicas para fazer o seu trabalho ou se inspirar? Ou as duas coisas? Tecnicamente eu sinto pouca vontade de fazer algo novo, porque eu tenho um amor platônico pela parede. Há um tempo comecei a estudar tatuagem para sanar uma curiosidade em saber como é usar a ferramenta. Tenho vontade de fazer coisas com textura, eu pintava roupas como se fossem telas. Como eu estudei na Panamericana, os professores ficaram doidos, mas gostaram da proposta. Eu amo paredes e coisas gigantes, porque isso invade as pessoas: você anda e vê uma imagem com diversas interpretações. É diferente de uma palavra, tem gente que não sabem ler, mas a pintura fala por si só. Antes eu trabalhava com teatro, no palco, era maravilhoso e seria diferente para conhecer o mundo – e eu queria conhecer o mundo -, e a pintura me proporcionou isso. Eu gosto de andar por aí, sempre transitando em vários lugares. Um espírito livre? Exatamente isso! Conhecendo as cidades e as pessoas, como se eu fosse um agente de arteterapia. Eu acho que faço muito bem para a sociedade fazendo isso, mas eu sou discriminado por isso! Adoro a adrenalina de intervir nos lugares, mas é muito perigoso. Como você intervém na rua em que o espaço é de outras pessoas? Tem pessoas que gostariam de intervir, mas não têm coragem, então eu faço pelos outros! O que você tem como desejo para você, para o futuro dentro de tudo isso que você comentou? Eu tenho desejo de ser ouvido. Eu não tenho necessidade de ser escutado, mas desejo. Eu vejo dessa maneira porque eu exercito muito e penso “queria estar lá”. Esses pensamentos já me ocorrem, mas aí você escolhe o que vai levar. Eu gostaria de ter mais espaço para a diversidade. As pessoas já conhecem as línguas que estão aí e precisamos ver novas formas de expressão. Nem tudo vai me contemplar, mas tem que ter espaço, porque pode contemplar alguém. E com mais espaço para essa comunicação, as pessoas se entenderão melhor como sociedade. Uma hora a polaridade muda! Entendemos que tem um aspecto em ser artista que é parecido com ser microempreendedor, no sentido em que muitas vezes escutamos do nosso público que não se reconhece como empreendedor. Como foi essa trajetória para você, como você passou a se reconhecer como artista?! Eu nem tive tempo para me perceber de outra forma. Quando eu era criança fazia capoeira e, depois disso, quando eu estava no ensino médio, tive contato com dança de salão. Quando me perguntaram sobre como eu ia seguir minha carreira, me indicaram para fazer um teste para uma peça. E quando eu comecei a estudar teatro, também comecei a pintar. Eu costumo falar que sou “artivista”, um novo termo que está nas ruas para designar pessoas que performam.
- AdC Entrevista: Vitones (Parte I)
Vitones é um artista de muitas faces, que ama grafite, a natureza, os bichos e filosofia! Nós convidamos ele para fazer essa arte linda aqui no portão da sede da Aventura de Construir e ainda ganhamos essa entrevista sobre seu trabalho! Confira nosso papo na íntegra abaixo! O que você pensava sobre a Aventura de Construir quando foi contatado pelo Wagner (um microempreendedor que acompanhamos há alguns anos) para fazer o grafite aqui? E como mudou a sua concepção depois de ter desenvolvido esse trabalho? Primeiro eu tinha uma imagem muito abstrata, porque apesar de ter um segmento, abrange vários outros e parece que tudo é bem vindo. Fica difícil a gente limitar ou colocar em uma caixinha e eu achei isso maravilhoso porque eu não gosto muito de limites, de colocar rótulos pois quando você rotula, você acaba dando um limite para as coisas. Cultivar uma curiosidade que só ia ser sanada quando eu viesse para cá e visse com os meus próprios olhos o que é esse espaço e como vocês se relacionam aqui. O que mudou foi uma certeza das ações, da concretude, da gente conseguir realizar isso depois de alguns meses de conversa e agora também ver e viver como isso tem me afetado. Isso é maravilhoso! Início do grafite. Em que sentido te afetou? No sentido de dar uma ativada em mim. Ano passado eu não trabalhei muito para outras pessoas, eu fiquei muito no meu ateliê fazendo coisas para mim. Vir aqui essa semana e todo esse processo ter acontecido, durante esse tempo e o que vem acontecendo, eu diria que me motivou, acendeu algo em mim que estava adormecido por não estar com tanta vontade de fazer para os outros. Eu me fechei muito no ano passado, eu fiquei pintando só pra mim. E poder estar em contato com pessoas que fazem pelos outros ativou algo em mim, de querer fazer pelos outros também, dentro das possibilidades, fazer algo voluntário, deixar de ser egoísta. Como aconteceu o seu processo criativo? Eu trabalho muito pintando animais, o que às vezes tem só um apelo estético, pois o animal é bonito, às vezes é por conta da cor da paleta, a cor da parede, tem vários fatores que influenciam isso. Mas aqui, por ser um lugar que tem um escopo, eu tentei sintetizar meu trabalho banhado por essas coisas. Para mim a etimologia da palavra é importante, como ela poderia ser representada de maneira gráfica. E eu também tento fugir do convencional e acredito que a ideia nessa busca foi muito feliz em ter encontrado essa relação com a formiga. Poderia ser qualquer coisa, mas tem que ter uma relação e acho que coube perfeitamente pois eu me deixo sentir. Muitos artistas já vem com tudo pronto, com uma rigidez, aí nós conversamos sobre as propostas e no final, o que mais fez sentido, sem dúvidas, foi o trabalho das formigas. Aí eu busquei referências que pudessem ilustrar melhor minha ideia e adequei ao espaço. Durante o processo, por mais que eu tenha moldado algo, sempre se altera ao decorrer do tempo: chuva ou sol, almoçar ou não. Mas eu fiquei bem satisfeito com o trabalho e dedicação. Você apresentou duas propostas, mas porque você achou que as formigas pudessem emblematizar mais a AdC? Diferente do João de Barro, que no máximo fica em casal, o que pegou mais foi o lance da construção. Antes de apresentar a ideia do João de Barro, eu tinha apresentado a ideia do capacete com bússola, algo que trouxesse a ideia de ter um caminho, uma trilha…construindo coisas nesses caminhos. Para mim também era uma ideia boa, mas aí fomos conversando e eu entendi que as formigas representam melhor este espaço: cada um tem uma função de segurar uma parte do galho e juntas seguram o galho inteiro, eu vi mais por esse sentido. Eu tento trazer representatividade nas coisas que eu faço: por mais que tenha um elemento, ele tem um porquê de sua existência. As formigas têm uma representação que não é tanto individual. Aquilo que eu passei sobre o número 5, que tem a ver com toda a simbologia deste número, é o equilíbrio entre esses 5 elementos que faz a vida ser possível. Por isso representa muito equilíbrio das 5 formigas e fiquei feliz de não ter feito nenhuma igual, porque ninguém é igual a ninguém, nem mesmo as formigas. E voltando ao número 5, ele é o algarismo que representa a estrela de 5 pontas, o pentagrama, a representação do Homem diante do Universo. O pentagrama tem o significado de evolução, de liberdade, do sentimento de aventura que leva ao crescimento pessoal e do universo. O número 5 representa, também, as viagens internas e externas, a versatilidade em pessoa. É um número de movimento, da velocidade, da agitação que acaba com qualquer estabilidade e limitação que venha pela frente. É um número transgressor, símbolo da evolução. O macro é representado pelo micro. E achei que podia dizer muito do que é a Aventura de Construir! Essa simbologia do número 5, você procurou depois ou desde o início? Para mim foi tudo muito convencional. Eu até poderia ter colocado mais formigas, mas aí eu percebi que tinha sentido deixar assim. Quando eu pintava com muita frequência, eu não tinha tempo de ficar digerindo o que estava fazendo, hoje para mim o tempo não é mais um impedimento. Eu me dedico muito na prática, naquele momento e para que aquilo tenha sentido pra mim. Eu não aceito qualquer trabalho, tem que ter algo que eu queira para mim, senão eu não faço. Eu trago os animais porque eles representam muito os humanos, eu vejo esses reflexos onde os animais são espelho da sociedade, ou vice-versa. Eles se refletem. O que as formigas fazem no seu grafite? Eu não sei se elas estão trabalhando ou brincando, porque tem uma em cima apontando para o alto, talvez seja a que está trabalhando menos enquanto as que estão embaixo estão movendo o galho. Tem a pessoa que é mais aérea, mais sonhadora, mais da terra… e aí é que está o equilíbrio. Ali naquele desenho eu fico dividido nisso, pois trabalho e diversão para mim é a mesma coisa e eu tento colocar os dois juntos para não pesar tanto, pois não dá pra ser tão divertido e nem tão trabalhoso. O que você acha peculiar no trabalho do ser humano em respeito a uma representatividade? Você usou esta simbologia, entendemos que ela transcende a representativa gráfica que acontece nestas 5 formigas, porque nos sentimos um pouco limitados pensando que somos como uma formigas. Eu vejo o ser humano como o supra sumo dos animais. Somos também uma formiga, um pássaro, uma onça… a gente transita entre os animais. E por ter essa metamorfose é só estabelecer uma relação, mas ela não se limita a isso pois de eterno é só a mudança. Uma hora você tá fazendo um trabalho de formiga, outra hora você vira uma águia para poder evoluir. Uma vez eu fiz o ciclo de vida da borboleta… A lagarta vai virar borboleta! E quando ela é lagarta, ela te queima. E tem formiga que voa, que ganha asa. Tem isso de entender que a gente está em trânsito.
- COMO ABRIR SEU PRÓPRIO NEGÓCIO EM MEIO A PANDEMIA?
A Jornada de Sustentabilidade financeira do mês de fevereiro de 2021, traz a trajetória do empreendedor Carlos Raposo. A história mostra o retrato de uma parcela da população brasileira que decide empreender no Brasil. Definitivamente não é uma tarefa fácil sair de uma empresa privada, seja por escolha própria ou por motivos de demissão, após anos de trabalho assalariado e em seguida abrir seu próprio negócio. Ainda mais em tempos de crise econômica e incertezas no mercado, como o que estamos vivenciando neste momento. Mas também sabemos que o empreendedorismo é um ramo repleto de desafios e um dos primeiros passos para superá-los e minimizar os riscos, é contar com um planejamento que se adeque às necessidades reais. A história de Carlos Raposo mostra uma realidade de muitos brasileiros, segundo a Agência SEBRAE (2020), o número de empreendedores no Brasil cresceu e pode chegar a 25% da população adulta. HISTÓRICO Em 2020, a AdC passou por mudanças na forma de atuação para atender a demanda de novos empreendedores no início e durante a pandemia e começou a realizar capacitações e assessorias por videoconferência. O primeiro projeto realizado desta forma foi “A realidade empreendedora” financiado pelos parceiros do Instituto CCP e iniciado em junho de 2020. Se quiser saber um pouco mais sobre esta bela jornada empreendedora, basta clicar aqui e conferir um texto sobre a finalização do projeto no blog. E foi assim que o encontro entre Carlos Raposo e AdC aconteceu! Carlos foi um dos participantes mais assíduos e ativos deste projeto. Ele relata que buscou o curso para desenvolver novos conhecimentos e montar seu próprio negócio. Uma surpresa!!! O engajamento de Carlos aumentou a cada aula. Suas perguntas eram sempre pontuais e seu olhar muito atento para entender o contexto pelo qual se passava e quais eram as estratégias para superar as dificuldades. O objetivo dele era claro: empreender! A mesma vontade que tinha em aprender, ele também sentia em compartilhar seus conhecimentos e ajudar outras pessoas. Se em um primeiro momento, Carlos buscou a equipe da AdC com urgência para uma assessoria, devido a um investimento errado realizado na época (e foi atendido mesmo fora do cronograma como exceção), posteriormente, participou como voluntário de outras sessões de assessoria com os demais participantes. Carlos foi olhado em suas necessidades e multiplicou esta atitude para com outras pessoas. No mês de setembro, “A realidade empreendedora” chega ao fim, mas Carlos continuou participando dos projetos da AdC, fortalecendo o seu vínculo como voluntário, levando conhecimento dentro das suas expertises. Sempre enfatizamos a importância da rede de contatos, e aqui constatamos outro exemplo: entre os momentos de voluntariado, o empreendedor foi ministrar uma palestra na Paróquia São Pedro sobre “Técnicas de limpeza com equipamentos profissionais”, por meio do contato da irmã Maria (freira do local), que participava do “Projeto Crescendo em Rede” da AdC. O PROBLEMA Mas a história de Carlos começa no setor de serviços, onde trabalhou em uma empresa de venda de máquinas de limpeza por 14 anos. O empreendedor é desligado da empresa em 2020 e com os recursos financeiros recebidos devido aos direitos trabalhistas, ele resolve montar seu próprio negócio. No primeiro momento foi seduzido a investir em um mercadinho de um colega. A situação não acabou bem: como não foram analisados os valores antecipadamente, com o suporte de uma avaliação profissional, a dificuldade financeira do mercadinho em honrar seus compromissos em dia foi questão de tempo. Após a primeira assessoria realizada pelo consultor da AdC, a orientação foi que o empreendedor não investisse outros recursos financeiros no mercadinho, além de buscar um acordo para receber o que havia investido o quanto antes. Também foi verificado que Carlos estava gastando recursos e que precisava equilibrar gastos com receitas, já que estava a mais de 6 meses sem trabalhar, “o dinheiro só saia e não entrava”, mesmo com serviços esporádicos de motorista para casamentos realizados com seu carro (atualmente Carlos não faz mais esse serviço). Com essas dificuldades e a decisão de não investir mais no mercadinho, Carlos passou a pesquisar franquias para empreender com mais segurança, já que o suporte dado pelos especialistas das franquias tende a facilitar a gestão do negócio (Central do franqueado, 2020). A SOLUÇÃO Mas se engana quem pensa que Carlos Raposo optou por uma franquia, o empreendedor resolveu montar seu próprio negócio em meio a crise econômica,para isso revisitou profundamente os conhecimentos adquiridos no curso “A realidade empreendedora” e realizou uma pesquisas de ponto comercial, localização geográfica do empreendimento, clientes, produtos e profissionais necessários. No mês de dezembro de 2020, o Kfé e Cia é inaugurado na Av. Ipanema, em Veleiros, Zona Sul de São Paulo. Embora o empreendimento tenha apresentando nesses dois meses um faturamento razoável para um pequeno negócio, a lucratividade do mês de dezembro foi nula. Carlos já esperava por esses números, que são característicos para o início de um negócio, conforme sua avaliação e planejamento inicial, ainda mais considerando um cenário de pandemia de Covid-19. Estes números não desanimam o empreendedor, pois ele se preparou para este cenário. Além de estudar formas para aumentar a clientela, levando em consideração todos os protocolos de segurança, realiza o controle de seus estoque e fluxo de caixa do empreendimento para assim, entender cada vez mais seu negócio e definir as melhores estratégias para garanti-lo firme e sustentável financeiramente. É importante compreender a situação atual da economia e planejar as ações que serão realizadas em um negócio, sem abrir mão da pesquisa de mercado para minimizar riscos, além de manter o controle diário para saber o que precisa ser melhorado no negócio. Caso esses itens não sejam levados em consideração, o problema pode ser potencializado. Para começar um empreendimento é necessário além de um olhar técnico e prático, muita paciência e cautela. Valorizar os pequenos passos para avançar e garantir que os passos sejam firmes e assim permaneçam durante o tempo. “Às vezes nós olhamos tanto tempo para uma porta que se fecha, que vemos muito tarde outra que está aberta.” Alexander Graham Bell Algumas frases de Carlos que demonstram de forma prática sua cautela e responsabilidade em empreender: “O atendimento é bom pelo retorno recebido dos clientes, tanto os retornos falados pessoalmente, como nas redes sociais, mas noto que pelo excesso de zelo no nosso atendimento, há uma certa ansiedade criada nos dos atendentes. Entendo como algo a ser melhorado, é preciso muita conversa e entrosamento da equipe. E é o que estamos fazendo.”. “Foco em controlar melhor os produtos perecíveis, para que não tenha tantas perdas e o preço não seja transferido para o cliente”. “Há vários pedidos para servir almoço, então neste momento não posso investir em uma cozinha, mas posso trabalhar com massas, que consigo trabalhar e servir como almoço, além de serem refeições rápidas”. Redes sociais: @kfeecia Página do Instagram da cafeteria: Aventure-se Empreendedor! Tem interesse em participar dos projetos GRATUITOS da Aventura de Construir? Deixe suas informações e avisaremos quando abrir as inscrições para o próximo!Ative o JavaScript no seu navegador para preencher este formulário. Nome Completo * E-mail Telefone (com DDD) Cidade Enviar Sustentabilidade além do ambiental Rede de Relacionamento: Mapa de Stakeholders Relatório de Atividades e Impacto 2022 O ambiente inteiro em prol do meio ambiente Negócios de Impacto: o trabalho da Aventura de Construir
- AdC Entrevista: Kalil Farran (parte II)
Depois da entrevista oficial que realizamos com Kalil Farran, ainda fomos presenteados com mais uma conversa descontraída para aprofundar alguns temas já abordados por ele! Kalil Farran é Consultor Autônomo em Estudos e Projetos Socioambientais e ex- Diretor Executivo do Instituto Camargo Corrêa, sendo responsável pelo investimento social privado da CCInfra e de seus parceiros. Confira abaixo os melhores trechos dessa conversa! O que você achou das perguntas da nossa entrevista? Gostaria de aprofundar um pouco mais sobre alguma das suas respostas? Eu posso falar um pouco, pois essas questões estão bastante interligadas. Eu acredito muito que esse momento tem uma característica ímpar para as empresas, que começam a perceber que seus negócios estarão comprometidos se a sociedade não estiver saudável. E isso está ficando cada vez mais claro. Me assusta a quantidade de empresas fechando em qualquer lugar que vou hoje, seja um lugar pequeno, médio ou de grande porte. E são muitas empresas saindo do país… Ou seja, a perspetiva não é tão boa. As empresas precisam ter neste momento um foco mais amplo, com uma visão um pouco mais holística, que não descole de seus negócios a saúde da sociedade. Eu também acredito que essa situação de vulnerabilidade está numa escalada, pois antes a gente tinha muito claro como identificar o vulnerável através de indicadores e dados oficiais, mas hoje essa escada se ampliou. Você percebe profissionais que estão deixando ou que perderam suas atividades. É a mesma coisa que aconteceu nos anos 1990, quando do dia para a noite a empresa que eu trabalhava demitiu 3000 funcionários. A gente via a inteligência saindo pela porta da empresa. E o que aconteceu? Grande parte desses funcionários acabaram abrindo pequenos negócios… Naquela época se falava muito do “engenheiro que virou suco”, hoje a gente tem clareza que ele virou Uber. Tem uma perda de capacidade de consumo da população e também do governo em investir em grandes projetos. Você enxerga alguma responsabilidade, um papel do Terceiro Setor em desenvolver algo a respeito disso? Não só o tema da inteligência saindo pela porta, mas também empresas que não podem mais substituir se não levam em conta todos os fatores do ecossistema. Sim, o Terceiro Setor é um grande articulador institucional que consegue conversar com todas as partes envolvidas. A gente consegue fazer uma intermediação muito grande entre as empresas, as comunidades mais vulneráveis e as pessoas que estão saindo do mercado. Por isso eu acho que temos um papel importante como articulador institucional. E como você acha que o Terceiro Setor pode desenvolver esse papel? Ter autoridade, em termos de conhecimento e articulação? Eu acho que muitas instituições do Terceiro Setor já têm isso e se propõem a isso. Vejam uma coisa: sempre que o Terceiro Setor senta à mesa é uma pauta positiva. A gente tem essa vantagem de ser um ente positivo e se a gente consegue se antecipar e ser mais propositivo enquanto isso, eu acho que é uma forma muito saudável de encarar essa situação. Se eu consigo fazer uma interlocução entre o empreendedor e a comunidade que cerca o empreendimento, ou entre o empreendedor e essa mão de obra inteligente que está sendo disponibilizada no mercado, que também vai virar microempreendedor, essa visão de “periferia” vai aumentar. (…) Agora quero falar um pouquinho sobre Agenda 2030. O que eu vi nas empresas foi um esforço muito grande em pegar suas atividades e tentar encaixar os ODS, montando um panorama que é um pouco para inglês ver, mas que a sociedade e as empresas não conseguiram entender. Eu sempre acho que quando estamos falando de ODS, estamos falando para nós mesmos. É conversa da gente com a gente mesmo. Ninguém sabe o que está acontecendo e o atual governo deixa isso muito claro, é um desprestígio total em relação a questão social e ambiental. Eu vejo relatórios estruturados, mas não necessariamente com conteúdos de qualidade, dizendo: “eu atendo 5 de cada um dos objetivos”. Eu acredito que precisa ser algo mais participativo. Mas nós, Terceiro Setor, o que podemos fazer neste sentido? A AdC nasce disso: o que muda a realidade não é um princípio universal, mas uma história particular. Perfeito, concordo com você! O que a AdC faz que me agrada muito? Ela joga luz sobre determinadas questões que não estão no imaginário ou na mente das pessoas. O que eu coloco ser uma grande surpresa? Foi perceber que existe uma realidade significativa num percentual que eu acredito ser alto, mas que a gente não está considerando. As comunidades vulneráveis dão conta de suas necessidades independentemente de políticas governamentais. Existe ali muita criatividade e trabalho que a gente precisa jogar luz! O papel do Terceiro Setor é esse: jogar luz! Vamos tentar aprofundar o conceito de rede na sua experiência? Sim, mas das redes de pessoas para formar conhecimento. O que se destaca pra mim é a questão de uma rede operacional. A gente constrói uma rede em torno de um objetivo, que deve estar claro para todos e ser construído em conjunto para agregar mais inteligência àquela causa. Para isso precisamos de empatia compassiva. Quando eu consigo perceber qual é a necessidade do outro e colocar a minha inteligência e a minha organização à disposição daquele necessidade, porque às vezes a gente não tem humildade. A gente acaba levando uma visão nossa, dos nossos valores e o que a gente acha bom para o outro. A gente precisa ter humildade para perceber e se permitir que o outro construa soluções, padrões e comportamentos dentro da vulnerabilidade. Então vamos tentar entender o que ele construiu e a partir disso agregar inteligência, inovação e fomentar recursos. Talvez incentivar microempreendedores com tecnologias de baixo custo dentro de práticas que ele já desenvolve. Isso é uma coisa que me fascinou nos últimos anos, ter a humildade de admitir que eu não sei e preciso aprender muita coisa com eles. Mas eu tenho uma vantagem, eu consigo ter o papel articulador de pegar algumas startups super inteligentes e desenvolver soluções. Este é um papel do Terceiro Setor: buscar inteligência na acadêmia, recursos nas grandes empresas e conseguir ler a efetiva e real necessidade dessas comunidades. (…) Assumir que a gente não sabe mesmo. A gente precisa ter uma capacidade de fazer uma leitura integrada das coisas. Não é à toa que os dados sociais tem validade de 5 anos, porque eles são muito dinâmicos – diferentes das informações do meio natural. Mas a gente precisa ter a disponibilidade de mudar as coisas, eu acho que a pandemia vai revolucionar tudo em termos de dados secundários. A gente precisa ter um pouco mais de clareza sobre a nossa vulnerabilidade e tentar entender com mais humildade esse contexto no qual vivemos. Eu acho o trabalho de vocês [da Aventura de Construir] fantástico, ele está muito na linha das coisas que eu acredito e acho que não tem outra solução, o modelo é esse. Ainda temos uma pergunta. Nos impressionou muito quando você falou que o legado não é nem geração de renda nem de emprego, mas desenvolver a capacidade empreendedora de uma pessoa, de uma comunidade. Todo o Terceiro Setor é assim: qual o propósito deste projeto? Criar alternativas de trabalho e renda para as comunidades que não têm. Aí vem essa pandemia e mostra que trabalho e renda não é legado coisa nenhuma, pois todo mundo perdeu trabalho e renda. Então, efetivamente, o que é um legado? E também tem o outro lado da medalha, você percebe que essas comunidades mais vulneráveis não viveram o “novo normal”, isso foi só para nós, ele não existe para as comunidades periféricas, porque esse já era o cotidiano delas: um cotidiano de restrições. Uma série de questões relacionadas à restrições, tanto que agora a classe média está vivendo a mesma vida dessas pessoas mais vulneráveis, que já resolveram isso de outras formas. Então, legado é fomentar a capacidade empreendedora, ajudar essas comunidades a enxergar seus potenciais como articuladores. Legado é o que a Aventura de Construir trabalha. Tem uma frase de Antoine de Saint-Exupéry, escritor de “O pequeno príncipe” que diz: “Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para juntar madeira ou atribua-lhes tarefas e trabalho, mas sim ensine-os a desejar a infinita imensidão do oceano.” Parece a mesma visão! Na nossa experiência, quando trabalhamos com os indicadores – medição de renda e geração de trabalho, entre outros – se torna evidente quanto é mais difícil gerar essa cultura empreendedora, para que entre nas veias das pessoas. Eu concordo totalmente com você. Isso é uma percepção que eu tenho. (…) E esse trabalho é fascinante, pois é também sempre de um aprendizado contínuo. Sobre o tema das redes, nossa experiência é parecida com o que você descreveu: uma causa clara que agrega, gerando emoção e compaixão. Mas como todos os elementos das redes podem ter consciência do escopo pelo qual estão trabalhando? O que pode ajudar a que se torne algo que funciona de forma sistemática e organizada? Essa experiência eu não tenho. Quando eu saí do Instituto [Camargo Corrêa], a gente queria que este evento que aconteceu durante a pandemia fosse o suporte para a gente poder ter um programa de voluntariado interno na empresa. Uma das questões que a gente sempre colocou foi que o voluntário não pode sair do mundo dele para pintar paredes, não é isso. Para gerar empatia o voluntário deve levar a inteligência que ele tem. Quando a gente fez o programa de apoio para combater o Covid-19, o que os advogados iam fazer? Buscar alimentos em casa ou roupa para doar? Não, eles começaram a responder questões que o próprio governo não respondia. Uma delas é: eu tenho guarda compartilhada, como eu faço agora sem renda para pagar pensão alimentícia? Eles começaram a contribuir e a enxergar a dor do outro, mas dentro das competências que eles têm. Não se forçou com que eles fizessem uma ação que fosse estranha ao cotidiano deles e isso foi um sucesso! Então, primeiro: ter uma identificação forte que não saia da nossa área de conhecimento. A gente tem que contribuir com a nossa inteligência e conhecimento!











