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Lamberti e Aventura de Construir, Parceria Transformadora

O projeto Lamberti Transforma, parceria da corporação química internacional Lamberti e da Aventura de Construir, começou visando fortalecer de forma sustentável o protagonismo de mulheres mães, duramente afetadas pela pandemia. Com foco inicial na região de Nova Odessa, sede da Lamberti Brasil, hoje o projeto abrange muito mais. Através de tutoriais, acompanhamento e ideação de soluções micro empresariais, se estão identificando e desenvolvendo negócios tradicionais e sociais comandados por estes microempreendedores.

No dia 23 de março de 2021, o diretor-geral na América Latina do grupo Lamberti, Leonardo Valentinis, e a coordenadora-geral da Aventura de Construir, Silvia Caironi, tiveram uma conversa mediada por Alannah Guerrero sobre a parceria que originou o projeto Lamberti Transforma!

Confira os principais assuntos extraídos dessa interessante conversa:


Como tudo começou:

Leonardo conta que conheceu Silvia através de um amigo em comum e foi convidado para fazer parte do Conselho Consultivo da ONG dirigida por ela, a Aventura de Construir (AdC). Leonardo nunca buscou diretamente o trabalho voluntário, e nunca desejou para si a imagem de “Bom Samaritano” que permeia os estereótipos relacionados a esse tipo de atividade, mas, ao conhecer o trabalho da AdC decidiu fazer parte, como relata em suas palavras:

“Percebi que é uma coisa boa, conduzida por pessoas que fazem isso realmente se dedicando, se doando ao que estão fazendo e que não tem um discurso ideológico por trás, sendo realmente uma iniciativa cujo objetivo é gerar participação, gerar condições para que as pessoas possam viver melhor, então eu gostei da proposta” (Leonardo Valentinis)

Início do Projeto Lamberti Transforma:

Sobre o surgimento da ideia de um projeto em parceria com a Lamberti, Leonardo Valentinis relata que, ao acompanhar o desenvolvimento da proposta de sustentabilidade do grupo Lamberti e a produção de seu primeiro relatório de sustentabilidade em 2019, sugeriu essa parceria ao Conselho Diretor do grupo Lamberti, informando que, se eles pretendiam realmente iniciar projetos de cunho social, tínhamos uma ótima oportunidade aqui no Brasil!

E como ele bem disse “Tudo que gera bem nasce de uma pessoa, não nasce de uma ideologia nem de uma definição “a priori” de alguma instituição…nasce da vontade de uma pessoa, e comigo foi assim também.” (Leonardo Valentinis)

Conhecendo o trabalho da instituição, sua seriedade e a dignidade com que conduzem o trabalho, Leonardo acreditou ser um projeto que a Lamberti pudesse abraçar como companhia, não para colocar “medalhas no peito” ou criar qualquer imagem de benfeitores e sim por enxergar uma afinidade entre a visão das duas empresas, como ele relata:

“O objetivo é criar riqueza no sentido de criar trabalho, então existe uma afinidade aí […] a gente gera valor, e valor não é algo que acaba em si…valor gera valor, gera crescimento e a AdC atua assim também. […] Você pode fazer o bem de várias maneiras: dar 5 reais à alguém no farol, doar pacotes de fraldas, doar cestas básicas (como fizemos doando 200 cestas à prefeitura de Nova Odessa), tudo isso é fazer o bem, e não é questão de melhor ou pior, é questão de maior afinidade com o método. Eu achei que participar de alguma coisa que não é puramente assistencial, mas que dá ferramentas para as pessoas caminharem com as próprias pernas seria algo mais afim à nossa maneira de ser (no grupo Lamberti). Para mim, as duas iniciativas tem valor, […] você pode dar assistencialismo ou realizar um projeto como o Lamberti Transforma…por isso não existe esquema à priori, as coisas acontecem conforme a necessidade e o entrosamento dos envolvidos. Minha contribuição foi sugerir essa parceria e através de minha rede de contatos abrir caminho para que mais empresas façam o mesmo.” (Leonardo Valentinis)

Criando Valor Compartilhado:

Na visão de Silvia Caironi o principal diferencial de se trabalhar em parceria com uma empresa privada, como a Lamberti, ao invés de contar com recursos públicos ou de outras fontes é a criação de valor compartilhado:

“Empresa privada precisa ver um dinamismo, […] uma flexibilidade, é nesse sentido que introduzo o conceito de valor compartilhado. Trata-se de construir um valor, que não é só para a ONG ou para os beneficiários, e sim para todos os stakeholders do projeto. Se define junto, se enxerga junto…aí está a maior diferença entre trabalhar com empresas privadas e contar com financiamento de outras fontes. É partilhar uma visão e construir juntos uma proposta que responda a esta visão! Por exemplo, quando eu conheci o Leonardo, me impressionou muito quando fomos encontrar alguns microempreendedores e ele me falou “ – Você entende a diferença entre nós, que conseguimos estudar em boas universidades, e essas microempreendedoras? A diferença são as oportunidades que nós tivemos e elas não, não é caso de falta de potencial.” (Sílvia Caironi)

O método adotado no projeto Lamberti Transforma para gerar valor compartilhado é olhar primeiro para a pessoa e para a sua realidade, então entender aquilo que pode gerar um diferencial nesse contexto e o que se deve fazer para construir oportunidades melhores para essa pessoa e para seu micro empreendimento. Assim, se unem os aspectos técnicos e humanos na construção dessas oportunidades para que a iniciativa seja realmente transformadora para todos os envolvidos desde as microempreendedoras que fazem parte do projeto até os consultores da AdC e os voluntários da Lamberti, como comentam Leonardo e Silvia:

“Se não tem o aspecto pessoal envolvido fica meramente protocolar, […] antes de cumprir normas, somos pessoas. Quando trabalhamos, às vezes, é como se uma parte de nós ficasse para fora…mas nesse projeto, se não fosse o aspecto pessoal, não teria vingado, […] não teríamos nos envolvido. […] E o valor compartilhado que isso gerou foi acionar as energias das pessoas dentro de nossa empresa, enxergamos um profissionalismo nos voluntários que de outra maneira não teríamos percebido […] é uma retroalimentação que gera um crescimento e que […] abre espaço para outra maneira de enxergar o relacionamento entre as pessoas dentro da empresa, (Silvia: E de descobrir novos talentos!), isso, descobrir novos talentos, e isso são coisas que […] ocorrem de maneira inesperada, mas que geram diferencial! Percebi nas nossas pessoas envolvidas a generosidade e a entrega com que […] se prontificaram a fazer isso…eu não fui pressionar ninguém, foi livre…então acho que isso é um caminho que está levando a uma direção boa.” (Leonardo Valentinis)

Responsabilidade Social com Pessoas Integrais:

“Toda empresa chega a um momento, e eu acho que esse momento chegou para nós, em que é necessário assumir sua responsabilidade não só na geração de riqueza (como produtos, bens e serviços), mas uma responsabilidade também no contexto social. Por enquanto estamos vendo que iniciamos esse caminho com a AdC na direção certa[…], porque você cresce como organização, como pessoa e toma um caminho diferente […] não sabemos até onde ele chega e até onde vai mudar nossa maneira de ser e de trabalhar, mas já está trazendo mudanças…e isso é bom […], é uma mudança que permite que as pessoas possam ser elas mesmas dentro da empresa…eu diria que este é o ponto principal: estamos vendo que cada pessoa pode ser uma boa pessoa e um bom profissional, sendo uma pessoa integral…e não parcialmente ela mesma no ambiente de trabalho.” (Leonardo Valentinis)

“O desafio de um projeto é aceitar que, apesar do planejamento, tem coisas que se conhecem e outras que não se conhecem […] e que podem gerar imprevistos, mas […] esses imprevistos são as reais surpresas de um projeto! O mais importante é (permitir) que o que fazemos possa nos surpreender…entendo que estamos no início deste projeto, porque só trabalhamos um mês com as beneficiárias … então não sabemos o que vai acontecer, mas se temos a tenacidade de manter a pessoa ao centro, de admitir que não sabemos o que é o melhor para os outros e damos a oportunidade dessas pessoas descobrirem quais são suas necessidades, pois isso se revela com o tempo …não é uma coisa que as pessoas já sabem antes…não sabemos antes, precisamos que as pessoas se sintam elas mesmas, num espaço seguro no qual podem comunicar tudo, dificuldades, dúvidas, problemas, coisas boas, isso se torna um ambiente de construção…de construção da pessoa e do empreendimento.” (Silvia Caironi)

E assim teremos sucesso!

Finalizamos a conversa com uma citação lembrada por Silvia e que resume as surpresas que podemos encontrar quando permitimos que as pessoas sejam elas mesmas e as mantemos no centro da construção:

“Se você quer construir um navio, não chame as pessoas para juntar madeira ou atribua-lhes tarefas e trabalho, mas sim ensine-os a desejar a infinita imensidão do oceano.”

(Antoine de Saint-Exupéry)

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