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Terceiro setor, relações institucionais e recursos: conheça a área de sustentabilidade da Aventura d

O texto, do Blog AdC, desta semana fala sobre as dimensões de atuação da área de sustentabilidade e sua relação com o terceiro setor.

Vitória Barros, consultora da área de sustentabilidade e captação de recursos da Aventura de Construir nos conta, em uma entrevista, as atribuições da área e atuação dentro da organização.

Confira, o texto completo, abaixo.

Quando pensamos em sustentabilidade, automaticamente nos remetemos ao aspecto ambiental, e de fato é o mais abordado, mas não é o único.

Pode-se entender como sustentabilidade o processo de desenvolvimento, que nesse caso, é um processo contínuo e duradouro que combina crescimento econômico com mudanças sociais e culturais, levando em consideração que a disponibilidade dos atuais recursos deve buscar também atender aos anseios das futuras gerações. Ou seja, o desenvolvimento sustentável é composto de três dimensões: econômica, social e ambiental.

No terceiro setor, esses segmentos podem-se confundir já que a atuação das ONGs são, principalmente, para atender às necessidades sociais e ambientais do seu público. Porém, apesar da sua causa, as ONGs também precisam buscar estabelecer uma sustentabilidade organizacional para perdurar ao longo do tempo.

Para entender melhor as atribuições da área de sustentabilidade de uma ONG, conversamos com a Vitória Barros, consultora da área de sustentabilidade e captação de recursos da Aventura de Construir.

Confira abaixo:

AdC: Nos conte um pouco sobre você e sua atuação no terceiro setor.

Me chamo Vitória, e minha primeira graduação foi o bacharelado em Economia Doméstica na Universidade Federal de Viçosa. O foco era em ações de extensão voltadas para grupos de mulheres, ou seja, era um trabalho bem focado em populações e comunidades em situações de vulnerabilidade socioeconômica, que é muito o recorte que a gente trabalha na AdC e no terceiro setor com um todo.

Por isso, quando eu me formei fazia sentido que eu me conectasse com o terceiro setor. Minha primeira atuação não foi na área de execução de projetos sociais, mas sim na área financeira, fazendo prestação de contas e acompanhando auditoria, dentro de projetos.

Minha primeira experiência no terceiro setor foi em um projeto de direitos humanos de indígenas do Mato Grosso do Sul, perto da fronteira com o Paraguai. Esse projeto teve a duração de dois anos e eu tive todo contato com a parte financeira, com capacitações e com a população. Foi uma experiência muito importante para mim porque solidificou minha vontade de permanecer no terceiro setor.

Depois disso eu me mantive na mesma organização, mas como PJ, fazendo trabalhos pontuais para outros projetos durante a pandemia. Nesse meio tempo eu comecei a atuar como voluntária na Ponte da Terra, com projetos em resposta à pandemia da Covid-19 na área de prestação de contas. Depois atuei em outra organização que era na mesma perspectiva, atuação em projetos de sustentabilidade de baixo carbono e biodiversidade e eu também atuava na área de prestação de contas trabalhando com diversos tipos de câmbios. Depois dessas experiências com o terceiro setor, eu cheguei na AdC em fevereiro de 2022 no contexto de mudança da área administrativa, atuando na questão do orçamento institucional e prestação de contas e a partir de uma oportunidade que apareceu, migrei para a área de sustentabilidade em julho de 2022.

AdC: O que você entende como sustentabilidade e como isso é trabalhado na AdC?

Entendo sustentabilidade como o próprio viés da palavra diz, algo sustentável, duradouro no tempo. Na Aventura de Construir, a área de sustentabilidade trabalha mais com o viés de sustentabilidade financeira, ou seja, ter recursos para que a gente consiga manter nossa atuação de maneira assertiva junto aos empreendedores e com todos os públicos que trabalhamos, atendendo as finalidades e objetivos da missão da organização, que também consta no estatuto, nossa missão social.

Então, para mim, tendo a área de sustentabilidade da AdC em atuação conjunta com a área de captação de recursos, está atrelado a projetos, desde a captação através dos projetos em si, de editais, relacionamento com stakeholders ou quando demandado por algum financiador.

AdC: Para você, que já trabalhou em outras organizações do terceiro setor, como é vista a área de sustentabilidade nas demais organizações?

Depende muito. Assim como cada instituição privada tem suas áreas, apesar de ter áreas em comum porque faz sentido, as organizações do terceiro setor também se adequam a partir das suas necessidades. Em algumas delas a área de sustentabilidade acaba sendo atrelada a área de relações institucionais ou a própria secretaria executiva. Ou seja, a própria diretoria da organização faz esse tipo de captação e relacionamento com stakeholders.

AdC: Na elaboração de um projeto como é tratado essa questão sustentável, quais são as principais características atribuídas?

Cada projeto tem um escopo próprio, com temáticas chaves como: o tempo de duração, o público alvo, os objetivos gerais e específicos, o cronograma, a metodologia utilizada pela AdC. E, além disso, ele também precisa estar alinhado com o orçamento institucional.

Partindo do pressuposto de que o orçamento é sempre constituído para pagar os consultores, mas também as contas fixas, como água, luz etc. fica mais fácil desenvolver um orçamento real, que parta do concreto de quanto eu preciso para cobrir o ano a partir dos projetos.

Então, um dos pontos que cabe para o desenvolvimento, é que cada vez mais se faça orçamentos reais com o que a gente precisa. Quanto aquele projeto vai demandar de esforço e quanto isso precisa retornar em recursos financeiros, o que se torna importante no processo para a área de sustentabilidade na apresentação de novas propostas para saber se vender e se valorizar.

AdC: Quais características um profissional precisa ter para atuar nessa área?

Pensando no perfil profissional de habilidades comportamentais, a pessoa precisa ter boas relações interpessoais, porque é uma área que você tem contato com muitas pessoas, com diferentes stakeholders. É uma habilidade que você pode desenvolver, mas se não tiver o mínimo de desenvoltura fica muito mais difícil de se adaptar.

De habilidades técnicas é preciso ter uma boa escrita, para estruturar de maneira clara os projetos e ter uma comunicação eficiente, e criatividade para criar as apresentações. Por exemplo, se você for apresentar mais de um projeto para o mesmo financiador, é desinteressante ter apresentações repetitivas, por isso é bom ter criatividade e personalizar cada apresentação, para que não passe em branco pelas demais e chame a atenção. Além de trazer uma sensação de unificação e cuidado para as empresas.

AdC: Qual o diferencial de uma área de sustentabilidade?

A sustentabilidade tem um olhar mais humano perante aos números. A área administrativa tem todas as questões burocráticas que precisam ser tratadas, como o fluxo de caixa, que é uma questão legal também a partir do momento que a gente se torna uma pessoa jurídica.

A sustentabilidade tem esse olhar humano de entender que os números são necessários para nós conseguirmos seguir com a nossa missão e com o atendimento dos beneficiários. Mas esse recurso só entra quando nos comunicamos com os financiadores com o olhar de cuidado e de zelo com as nossas propostas e com a nossa personalização dos projetos para a demanda de cada potencial parceiro.

Com poucos recursos, nos preparamos ao máximo para atender as necessidades internas e de contato com os stakeholders. Quando nos preparamos para uma reunião, sempre buscamos conhecer antes o trabalho da instituição, seus princípios, para que eles também entendam o propósito daquele encontro.

Então a junção dos atores da AdC fortalece para que aconteça essa sustentabilidade financeira, entendendo isso para além do recurso. Buscamos consolidar a sustentabilidade da equipe, dos nossos parceiros e dos microempreendedores para que eles se fortaleçam nos seus negócios e nas suas regiões.

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