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Acompanhando protagonistas – a visão por trás de um projeto

A Aventura de Construir (AdC) parte de um método de trabalho que foca no fator transformador para causar um impacto real na vida dos indivíduos. Um desses métodos é o acompanhamento dos beneficiários. 

Na construção de um projeto, todas as áreas são envolvidas, desde a parte da estruturação até a realização do projeto em si. Mas afinal, quem é que acompanha esses protagonistas no dia a dia? 

Convidamos Lucas Faustino, consultor da área de desenvolvimento de projetos da AdC, para comentar sobre suas experiências e a realização do trabalho junto aos empreendedores. 

Confira abaixo:

Nos conte um pouco sobre você Lucas:

Meu nome é Lucas Faustino, tenho 28 anos, sou nascido e criado na periferia de Sorocaba – São Paulo. No âmbito acadêmico eu iniciei minha formação em jornalismo, mas verifiquei que não era o que eu gostava, então decidi largar, estudar um pouco mais e passei na UFABC (Universidade Federal do ABC) em São Bernardo do Campo. Lá me formei em ciências e humanidades, um curso que é interdisciplinar, então aborda vários campos, como políticas, relações internacionais e etc. e agora estudo políticas públicas, com pretensão de formação para 2022. No período da Universidade sempre fui ativo no movimento estudantil, na realização de atividades em prol de conseguir mais benefícios para os estudantes, como moradia, qualidade do ensino, bolsas, em especial no interesse das camadas de baixa renda. E também participei algumas vezes em ocupações urbanas.

Como você conheceu e se interessou pela AdC?

Eu já estava procurando emprego há algum tempo e pela minha formação acadêmica e humana, estava procurando vagas no terceiro setor. Nesse meio tempo entrei em alguns grupos nas redes sociais e foi quando descobri a AdC. Enviei meu currículo e me chamaram. Mas acho importante ressaltar, principalmente para as pessoas que trabalham no terceiro setor, mas falando de forma individual, a motivação de trabalhar com ações que causam um impacto social e que geram uma transformação na vida de outros indivíduos.

A minha construção humana prévia, que busca conciliar vida pessoal e profissional para causar uma transformação, entende que não consigo fazer isso sozinho mas sim em conjunto com uma organização que tenha um método de trabalho, que saiba aonde quer chegar. Resumindo, o Lucas com os seus sonhos e objetivos de vida, dialogam com a organização que parte do mesmo princípio.

Em quais projetos você atua hoje na AdC? Comente um pouco sobre eles:

Atualmente eu estou no projeto “Lamberti Transforma II”, em parceria com a empresa Lamberti. Ele está na sua segunda edição e essa traz uma capacitação mais intensa, com mais horas de aulas e assessorias, o que causa uma diferença muito grande e positiva.

As aulas teóricas dão base para as aulas práticas, que só são efetivas quando as teóricas são bem entendidas. Com o aumento na quantidade de aulas, podemos trabalhar mais profundamente alguns temas.

O projeto é para qualquer pessoa maior de idade que tem um empreendimento ou busca empreender, mais especificamente na região de Nova Odessa – São Paulo. Possui três etapas. A primeira é a capacitação, com conteúdo mais técnicos. É nesse momento que trabalhamos temas como: o que é ser um empreendedor, precificação, fluxo de caixa, marketing e todas as questões necessárias para um negócio.

A segunda é a assessoria, nesse momento vamos verificar se ficou alguma dúvida ou dificuldade em relação aos temas que foram trabalhados na capacitação e trabalhar em cima deles. A última é a prototipação, a hora de “colocar a mão na massa” e pensar em na construção de algo viável, que possa ser colocado em prática e durante o período do projeto.

Como você enxerga a atuação do projeto junto aos empreendedores?

Primeiro, para entender, nós precisamos analisar a realidade do Brasil. Temos um aumento extremo na pobreza, as famílias estão endividadas, os preços estão aumentando, então temos um empobrecimento da população como um todo e uma retração na economia.

Nós, como pessoas, sofremos com essas oscilações econômicas e do mercado, e se a produção diminui a nível nacional, o emprego também diminui, o que causa uma alta taxa de desemprego no país. Muitas das pessoas que se tornam empreendedoras vem desse ciclo, pois não possuem fonte de renda e buscam outras alternativas para se manterem.

Mas empreender é difícil, principalmente em época de crise, e é nesse momento de desânimo que eles buscam nossos projetos. O nosso papel é valorizar esse indivíduo, para mostrar que eles são os protagonistas das próprias vidas e orientar nas questões técnicas para auxiliar nos seus empreendimentos.

Uma coisa que eu busco sempre dizer nas capacitações é que qualquer negócio tem que estar preparado para as oscilações do mercado, seja positiva ou negativa. Por exemplo: se a economia diminuir as pessoas vão parar de comprar/consumir e precisa de uma reserva. Mas se a economia tem um up, as pessoas vão comprar/consumir mais e precisam estar preparados para conseguir suprir a demanda. O caminho para empreender não é fácil, é cansativo, por isso nosso trabalho de acompanhá-los é importante, quando caminhamos juntos, eles se sentem mais fortalecidos, em especial depois que participam das assessorias.

Qual é a transformação que você enxerga que o projeto causa?

As pessoas, quando ingressam no projeto, não se identificam como empreendedoras, pois muitas tiveram que iniciar seus negócios por necessidade, encarando essa atividade como uma complementação da renda, um “bico”. Então, a primeira transformação é na valorização que a pessoa dá para aquilo que faz, encontrando naquela atividade seu meio de subsistência.

Um segundo ponto é que todos pensam que ter seu próprio negócio é trabalhar pouco, então demora para eles entenderem que não é só a produção do material, mas sim a organização da parte financeira, administrativa, divulgação e etc. Após a compreensão desses pontos, eles se conectam com os seus negócios, pois já deram início a algo que gostam e conseguem manter as atividades.

Além dos elementos técnicos, como fluxo de caixa, precificação, marketing, que muitas vezes se multiplicam para o ambiente familiar, temos casos de pessoas que utilizaram o que aprenderam nas aulas de finanças e começaram a aplicar na organização financeira da família.

E qual é a transformação que você enxerga em você?

Quando eu estou nas aulas, não estou apenas ensinando, mas também aprendendo com eles, principalmente quando temos aulas com voluntários sobre outros temas. Então é um grande aprimoramento para minha vida profissional.

Segundo, é o fortalecimento daquela vontade de trabalhar com impacto social, porque antes eu apenas queria e agora, fazendo isso, é um aprendizado e uma carga de experiência que vão permanecer. Sem falar na questão do contato humano. Lógico que temos que manter um profissionalismo, mas nos conectamos com eles e aprendemos a enxergar o outro de forma mais humanizada. Além de ficar muito contente em saber que cerca de 40 pessoas, ao final desse projeto, terão suas vidas transformadas, e se tornaram os protagonistas das próprias vidas.

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