Um novo olhar para o ESG nas empresas: entrevista com Gabriel Cardoso, gerente executivo do Instituto Sabin
- Comunicacao Aventura de Construir
- 8 de jul.
- 3 min de leitura
ESG - O caminho da transformação, uma série da Aventura de Construir

Por Ana Luiza Mahlmeister
A adoção do conceito ESG na gestão dos negócios não é óbvia. A integração das questões ambientais, sociais e de governança prevê a políticas que visam a sustentabilidade e a responsabilidade corporativa em suas operações e decisões. Na área social, supõe a aderência a direitos trabalhistas, promoção da diversidade e inclusão, apoio a causas e atuação com a comunidade.
Essas práticas – em especial na rubrica social – fazem parte do dia a dia do Instituto Sabin, Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), responsável pela gestão do investimento social privado do Grupo Sabin, empresa de promoção à saúde, com sede no Distrito Federal e presente em mais de 15 Estados. A missão do instituto, nas palavras do gerente executivo, Gabriel Cardoso, é a melhoria da qualidade de vida, do bem-estar e da prosperidade nas comunidades onde atua, incentivando a inovação social.
Para Gabriel, a agenda ESG é uma lente sobre como as empresas conduzem seus negócios. Em sua visão, o ESG, por si só, não é suficiente: é necessário complementar essa abordagem com uma reflexão mais profunda sobre o impacto gerado pelas empresas.
“Não basta operar de forma responsável; é fundamental considerar também os efeitos concretos que os produtos, serviços e operações provocam na sociedade e no planeta”, analisa Cardoso.
Com governança independente, o Instituto Sabin direciona os recursos doados anualmente pelo grupo para a realização de projetos com finalidade social.
“Essa separação garante que, embora exista uma conexão estratégica entre as duas instituições, as decisões e a condução das ações sociais sigam princípios de transparência e autonomia”, explica.
As políticas ESG do grupo são inspiradas pela atuação do Instituto Sabin — e não o contrário. As diretrizes da empresa são coordenadas por uma das diretorias do grupo e envolvem diferentes áreas internas, cada uma contribuindo com sua perspectiva. A dimensão social do Instituto Sabin é voltada para o impacto na comunidade da porta para fora.
A escolha dos projetos apoiados pelo instituto é ancorada na missão institucional, revisada a cada três anos. Atualmente, esse portfólio conta com cerca de 70 iniciativas em andamento.
“A entrada de novos projetos não é uma prática recorrente pois priorizamos a consistência e o alinhamento com nossa visão de futuro e os resultados de impacto que buscamos gerar”, afirma Cardoso.
O Instituto Sabin, fundado há 20 anos, promove campanhas de arrecadação, doação de recursos e bens, e o voluntariado corporativo. Na promoção da saúde e do bem-estar, desenvolvem projetos assistenciais e preventivos como o Cuidando da Comunidade: doação de exames para pessoas em extrema vulnerabilidade social; Ludotecas: espaços lúdicos e terapêuticos para acolhimento de crianças vítimas de violência; Embaixadores da Saúde: formação de lideranças sociais para atuarem como promotoras de saúde, e o Ciclo do Cuidado: abordagem integrada de atenção à saúde de beneficiários de organizações sociais parceiras.
No eixo Organizações e Ecossistemas de Impacto oferece programas de incubação e aceleração de negócios; desenvolvimento institucional de Organizações Sociais da Sociedade Civil (OSCs); formação de novos empreendedores sociais, e disseminação de conhecimento relevante para o campo.
Cardoso destaca ainda o desenvolvimento da Plataforma Inova Social, referência em conteúdo sobre inovação social; e o apoio à Stanford Social Innovation Review Brasil, publicação reconhecida internacionalmente pela reflexão crítica sobre impacto e transformação social.
“Contamos com uma ampla rede de parceiros com quem mantemos relações duradouras e de confiança construídas ao longo de 20 anos de atuação por meio de vivência em eventos e interações no campo”, afirma Cardoso.
Ele explica que o Instituto Sabin não trabalha com chamadas públicas formais para atração de parceiros, mas com uma rede de organizações que impulsionam o impacto social em seus territórios.
Esses parceiros são escolhidos pelo alinhamento de valores e o histórico da organização, sua reputação e consistência ao longo do tempo e sede nos territórios onde o instituto está presente, buscando representatividade de todas as regiões do Brasil.


