Um Caminho para a Inovação Social e Impacto Sistêmico: Entrevista com Monica Pasqualin
- Sofia Missiato
- 31 de jul. de 2024
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Por Sofia Missiato
As transformações digitais e inovações tecnológicas estão remodelando o trabalho e o acesso à renda, educação e saúde. No entanto, com a pandemia, conflitos globais e a polarização política, essas mudanças têm intensificado a desigualdade no mundo. Ainda assim, existem caminhos para mitigar retrocessos e impulsionar o desenvolvimento sustentável.
Para apontar soluções às consequências negativas e impulsionar os processos positivos desse novo quadro, no Rio de Janeiro, o Festival ODS 2024 reuniu líderes, especialistas e entusiastas para discutir as estratégias e desafios na busca pelo cumprimento das metas estabelecidas pela Agenda 2030 da ONU. O evento, em sua quarta edição, foi organizado pela Agenda Pública em parceria com a Prefeitura de Niterói e com o apoio da Fundação Grupo Volkswagen. O objetivo central foi debater e propor soluções para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), um compromisso firmado por 193 Estados-membros da ONU, incluindo o Brasil.
Desafios na Concretização dos ODS
Monica Pasqualin, chefe executiva do Catalyst 2030, participou do evento e destacou a importância da inovação pública e social na aceleração do cumprimento das metas da Agenda 2030. Em entrevista à Aventura de Construir, Pasqualin apontou que, embora a meta global seja alcançar os ODS até 2030, apenas 15% das metas foram atingidas globalmente, com o Brasil ainda mais atrasado, conforme indicado pelo Relatório Luz, que monitora o progresso das metas no país.
Durante o Festival, Pasqualin mediou uma mesa de diálogo sobre o Futuro do Trabalho e a inclusão intergeracional. O debate abordou a dificuldade de inclusão tanto de profissionais com mais de 50 anos quanto de jovens que estão ingressando no mercado de trabalho. O empreendedorismo foi apontado como uma solução viável para essas populações, especialmente em contextos vulneráveis, alinhando-se com a atuação da Aventura de Construir, que apoia o desenvolvimento de empreendimentos em áreas periféricas.
State of the Future: Inovação Social no Palco Global
Monica Pasqualin também contou sobre um evento internacional paralelo realizado também no Rio de Janeiro. Organizado pelo Ministério de Gestão e Inovação e Serviços Públicos, em colaboração com outros ministérios brasileiros, o evento reuniu especialistas para discutir temas como inovação pública e social. Pasqualin ressaltou a participação de Jeroo Billimoria, fundadora da One Family Foundation, que compartilhou sua vasta experiência em mudança de sistemas colaborativos. Durante o evento, foi anunciada a iniciativa Government Champions, secretariada pelo Catalyst 2030, que visa promover a troca de experiências entre governos de todo o mundo para desenvolver ambientes de negócios mais favoráveis e impulsionar a economia de impacto. Países como Brasil, Alemanha, Portugal, Espanha e França estão entre os participantes dessa iniciativa.
A discussão também explorou a importância da convivência intergeracional nas empresas, enfatizando que abordagens que integram diferentes gerações podem gerar resultados mais ricos e diversos. "As empresas que promovem mentorias cruzadas, onde tanto os mais velhos quanto os jovens aprendem uns com os outros, tendem a ter uma maior adaptabilidade e sucesso", destacou Pasqualin.
Outro ponto de destaque foi a fala de Pedro Nery, diretor de assuntos internacionais da Vice-Presidência da República, que discutiu o impacto econômico das políticas públicas voltadas para jovens e para a população com mais de 50 anos. Ele argumentou que a convergência intergeracional pode ser uma estratégia eficaz para enfrentar os desafios econômicos atuais.
"O empreendedorismo não é apenas uma resposta ao desemprego, mas também uma forma de gerar renda e promover a sustentabilidade"
Pasqualin destacou a importância de integrar a sustentabilidade no planejamento dos empreendimentos desde o início, especialmente em um contexto de mudanças climáticas.
"Mesmo que pequeno, um negócio que já nasce com critérios de sustentabilidade estará mais preparado para enfrentar os desafios futuros".
O Papel do Catalyst 2030 na Promoção da Economia de Impacto
O Catalyst 2030, movimento global criado em 2019, nasceu da necessidade de unir empreendedores sociais de diversos países para alcançar os ODS. O capítulo brasileiro do Catalyst, que conta com 203 membros e impacta cerca de 2 bilhões de pessoas globalmente, tem se destacado na promoção da economia de impacto, apesar dos desafios enfrentados na colaboração prática entre seus membros.
Pasqualin enfatizou a importância das coalizões globais, como o Catalyst, na promoção de uma economia mais equitativa e sustentável. Essas coalizões permitem uma representação mais forte das necessidades dos empreendedores sociais e facilitam o diálogo com tomadores de decisão para a criação de políticas públicas mais eficazes.