top of page

Empreendendo para crianças: atenções e cuidados necessários




O mês de outubro, geralmente, é lembrado por comemorar o dia das crianças, mas você sabia que no dia 05 de outubro também é comemorado o dia do empreendedor?


Essa junção pode parecer inusitada, mas as crianças podem ser o público alvo de muitos negócios. Esse ramo de empreendimento tem diversas vertentes, incluindo educação, produtos de higiene, produtos educativos que auxiliam no desenvolvimento das crianças, entre outros. Mas todos precisam ter uma atenção muito importante sobre os cuidados em comercializar produtos infantis.


Durante esse mês, nas mídias sociais da Aventura de Construir, vamos compartilhar informações para se aprofundar mais no assunto. Para iniciar, conversamos com a psicóloga Camila Marcoccia, que realiza atendimentos com crianças e adolescentes, e trouxe dicas e atenções quando se atua com crianças. Desenvolver o próprio negócio a partir destas orientações pode abrir caminhos incríveis como a mesma Camila comenta.



Confira abaixo!



1. Nos conte um pouco sobre você e sua trajetória, seu trabalho..


Eu sou psicóloga formada pela PUC-SP e mestre em Psicologia Clínica pela USP. Hoje atuo especificamente na psicologia clínica, 70% das pessoas que eu atendo são adolescentes e crianças, e também mães, que chegam até mim com o tema da maternidade. Então essa questão da família, crianças, adolescente, maternidade e paternidade estão bem presentes no meu universo de trabalho.


Eu sempre gostei de crianças, mas o interesse surgiu inicialmente na faculdade, de forma até um pouco intuitiva. Achava interessante o jeito deles irem revelando aos poucos as coisas que estão na cabeça deles, o que é fascinante. Meu primeiro trabalho, também, foi em uma ONG que trabalha com crianças e famílias. Trabalhei 10 anos com crianças de 0-6 anos e seus familiares, onde ganhei certa experiência. Depois disso eu pensei “não dou conta mais de não trabalhar com isso”, porque eu realmente gosto. Também já trabalhei em hospital, até decidir abrir o consultório e atuar 100% com o consultório.


E vejo também que é uma demanda em falta, que tem bastante busca, mas nem tantos profissionais trabalham com crianças e adolescentes. Eles não são o único público que eu atendo, também trabalho com adultos e etc, mas 70% da agenda é de crianças e adolescentes.



2. O que você acredita que precisa levar em conta quando se trabalha com o público infantil?


É difícil dizer porque eu sou psicóloga, então a minha visão é muito ampla para o assunto, mas sempre que eu penso sobre isso imagino que precisa ter um olhar atento. Para mim essa é a principal coisa. Ter um interesse real, um desejo de conhecer e saber de fato aquelas crianças e aqueles pais, quais são suas necessidades reais. Então eu diria que é um pouco desse olhar atento à realidade.


Mas também, se eu quero trabalhar com criança é importante entender o desenvolvimento infantil. Não precisa ser expert, mas ter uma ideia. Por exemplo, os brinquedos educativos, é diferente se uma criança de 1 ano vai brincar para outra de 4 anos. Então, também, é importante saber um pouco disso, buscar um pouco de informação.


Outra coisa que é importante, é a gente pensar que essa criança não vive sozinha, ela depende de alguém. A questão relacional das crianças é muito forte, então pensar que quando se olha para a criança, também precisa olhar para a família, as relações da qual ela pode estar envolvida, seus responsáveis e também ter uma atenção para eles. Basicamente ter um olhar curioso e atento com essa realidade como um todo.



3. Qual é a importância das regras aplicadas para os comércios infantis? Elas fazem diferença no impacto do negócio e na criança?


Eu acredito que sim, tanto que existe aquela grande questão em relação às propagandas para o público infantil.


Porque elas são mais vulneráveis, estão em desenvolvimento, estão em formação e se você começa a ofertar algo nesse sentido, vai ter um impacto. Por isso que precisa ter um certo cuidado, ter algumas regras justamente para cuidar dessas crianças, para analisar melhor o que está oferecendo, como que está oferecendo e precisa olhar novamente para os responsáveis, porque de novo, as crianças dependem de alguém.


Então eu acho sim, precisa ter normas e regras, mas como uma coisa educativa, não impositivas, porque se eu vejo que aquilo vem para me ajudar, ajudar o meu negócio e se eu tenho esse desejo sincero de que o que eu estou fazendo seja uma ajuda para criança, algo para suprir uma necessidade, então eu vejo que isso é uma coisa para ajudar a potencializar e construir o meu negócio. Lógico, entendendo quais são as regras, quais são as normas, porque o objetivo é a proteção e educação das crianças e da sociedade.



4. Você acredita que os negócios que existem hoje, para crianças, mantêm essa preocupação?


Não sei te dizer, eu tenho a impressão, mas posso estar errada, de que muitas vezes a gente tem mais o foco no negócio, no vender alguma coisa e criar uma necessidade, do que enxergar a necessidade real.


Nesse sentido, é onde entra uma série de questões que precisa ter cuidado, mas eu também acredito que tem pessoas que são atentas, onde o propósito não é só vender, não que isso seja errado, mas que realmente reconhece essa tal necessidade e cria o negócio para supri-lá, tornando um grande diferencial nesse ramo.


Então não sei se todas têm esse comprometimento, mas acho que algumas tem e que todas se beneficiariam se tivesse.



5. Quais dicas/ações um empreendedor deve mapear quando pensa em criar um negócio para esse público?


Acho que nada muito diferente do que eu já falei. Se você tem alguma pergunta que quer resolver ou solucionar, porque acredito que a maioria dos empreendimentos surgem através de alguma pergunta, então eu diria para observar, ficar atento, ter uma atenção, um olhar curioso, estudar um pouco para entender, conversar com pessoas que entendem e os familiares.


Se a criança é o seu público alvo, olha, de fato, para ela também, não só para o que as pessoas dizem sobre elas ou sobre suas infâncias. Tenha atenção à realidade, mas também enxergue você, o que você quer, qual é o seu objetivo. Com tudo isso, inicia uma pesquisa e se joga.



6. As crianças, realmente, podem trazer ideias de negócio? Você acha oportuno prestar mais atenção no que eles falam e na visão de mundo delas?


Sem dúvidas, na verdade eu acho que todos precisam ter um jeito educado de olhar para as crianças, de aprender a olhar para elas e entender o que elas querem dizer. Às vezes pode ser de uma forma direta, mas muitas vezes elas se expressam nas entrelinhas.


Precisa ter essa atenção e cuidado com o que eles estão falando, como elas se expressam e como a gente pode entender aquilo que elas estão dizendo. Porque ficamos muito só no que a gente acha, enquanto quando a gente realmente vê, pode-se encontrar coisas incríveis.



Posts recentes

Ver tudo

A história de sucesso de Jucélia

A história de sucesso de Jucélia Na semana passada, tivemos o lançamento do vídeo institucional da Associação Aventura de Construir (ADC), onde vocês puderam conhecer um pouquinho da história de três

bottom of page