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Da Terra Nascem Protagonistas: trajetórias, desafios e conquistas (parte 2)

No mês passado, tínhamos prometido uma continuidade com este mundo do orgânico e de mulheres guerreiras e empreendedoras já que estamos no mês de março. E aqui vamos!!!

A Jornada de Sustentabilidade deste mês finaliza a história de três empreendedoras do “Vídeo Documentário: Desenvolvimento das habilidades empreendedoras de microprodutores orgânicos de baixa renda”.

Em fevereiro, a experiência compartilhada foi da Sandra dos Anjos, e agora, no mês de março, vamos finalizar com: Sandra Cintra e Maria Rose.

Sandra Cintra 

Uma empreendedora que a partir da necessidade de cuidar da alimentação da sua família chegou ao mundo orgânico. A Sandra que é Pedagoga de formação, apaixonada por cozinhar e dar uma melhor alimentação para a sua filha, começou a realizar e comercializar almoços com produtos orgânicos.

Sandra fala sobre as refeições que prepara e seus olhos brilham e a empolgação aparece no seu rosto, descrevendo as cores, texturas com as quais ela brinca, criando pratos que além de saudáveis, são arte. Para ela mais do que uma refeição é o cuidado com a saúde e a alegria de experimentar um prato feito com os melhores produtos e amor.

A Sandra soube sobre o curso por Ananias, um dos seus fornecedores e que estava participando do curso, naquele momento ela se perguntou como participar, uma vez que ela não era produtora, mas se identificava como empreendedora no âmbito orgânico.

Após refletir um pouco, ela decidiu participar! Mas não foi fácil: participava das aulas enquanto cozinhava, mas sempre muito ativa realizando perguntas, comentários de acordo com os conteúdos da aula e a realidade do seu negócio, trazendo assim uma perspetiva do ponto final da cadeia da produção orgânica: o consumidor final.

Umas das maiores dificuldades vividas pela Sandra no seu empreendimento era a logística da produção e entrega das marmitas.

A Sandra recebia ligações em qualquer momento solicitando a entrega de almoços, precisando correr atrás da produção e comercialização. Além dos problemas na organização do tempo, tinha as perdas de vendas por não ter os produtos para entrega, ou às vezes não vendia todo o que tinha produzido no dia.

Ante essa dificuldade, a partir de uma assessoria a Sandra considerou vender marmitas congeladas:

“O pessoal do curso me falou: porque você não foca em congelado? Porque ao invés de você entregar um prato, você entrega 20. Eu peguei, fiz um cardápio de congelados, criei uma promoção para quem não conhece ainda. Você vai pedir, eu vou comprar tudo fresquinho, eu vou preparar, vou congelar, entregar congeladinho e vai durar 90 dias”.

Sua principal preocupação era perder a qualidade do alimento, pois os clientes não poderiam perceber a qualidade dos alimentos na textura e cor das refeições estando congelados.

Mas Sandra começou a pensar no seu negócio como um todo, não era só a apresentação física dos alimentos, mas também a entrega, sua imagem e marca no produto, a embalagem, a qualidade no momento da entrega.

A empreendedora realizou uma série de reflexões, ponderou e utilizou a bagagem da sua vida e os novos aprendizados do curso para se abrir. Depois de considerar estes aspectos veio a mudança no seu negócio: ela passou a realizar e entregar marmitas congeladas e ainda os clientes teriam um maior benefício, pois poderiam comprar um produto que estaria a seu alcance por mais tempo e facilidade.

Sandra e seu sorriso, fazendo o que mais gosta: marmitas orgânicas.

Esta mudança no processo de logística, fez com que tivesse uma melhor organização do sua gestão  logística, financeira e administrativa, pois agora só realiza vendas e entregas de pacotes de marmitas congeladas, conseguindo estabelecer um planejamento do negócio e do tempo, um fluxo financeiro e aumento das vendas, tendo um controle do que precisa comprar e produzir, como diz a Sandra “A logística fez toda a diferença na minha vida”.

Maria Rose

Uma história muito diferente, mas com o mesmo desejo de construir um bem que possa reverter em melhorias de vida de moradores da periferia.

Maria Rose é administradora e gestora de projetos sociais e sua relação com o mundo da agricultura, pode se dizer que tem sido durante toda a sua vida. Nasceu num sítio no estado de Minas Gerais, onde seus pais cultivavam orgânicos, mesmo que eles não soubessem, como afirma ela: “A gente sempre reproduziu coisas orgânicas, mas nunca teve esse nome. Porque a gente sempre tem um estigma que o produto orgânico não é grande, não é bonito”.

Maria Rose ciente dos custos que tem para uma família poder ter uma alimentação saudável e da dificuldade para ter um espaço apropriado para cultivar alimentos orgânicos fez com que criasse o projeto social de hortas verticais: “Cultivando Afeto”.

Cultivando Afeto consiste em capacitar famílias sobre plantações verticais e orgânicas, para que tenham uma alimentação saudável, poupem sua renda cultivando seus próprios alimentos e estimular diferentes tipos de afetos (consigo, com a casa, com o planeta). Mas o impacto pensado no projeto não para só aí, outro objetivo do cultivando afecto é que os beneficiários sejam multiplicadores e passem o conhecimento adquirido a outras famílias.

No ano de 2020 participou do projeto “Crescendo em Rede” executado pela AdC e entre vários projetos que participaram o “Cultivando Afeto” da Maria Rose recebeu como prêmio o capital semente para poder executar e fazer realidade o projeto com o qual sonhava. E ainda em 2021, foi assessorada dentro do projeto de voluntariado corporativo da AdC em parceria com o Instituto Vedacit.

Dando continuidade ao processo de formação a Maria Rose participou deste novo projeto de formação da AdC destinado a produtores orgânicos, no qual conseguiu mergulhar no grande e específico setor dos orgânicos, o qual precisa de uma capacitação adequada para sua produção e comercialização como afirma a voluntária Manuela Santos (Pesquisadora no centro de estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas): “O sistema produtivo orgânico precisa se inserir em um mercado adequado para o produto orgânico”.

Maria Rose cultivando afeto na sua casa. 

Durante o curso, a Maria Rose além de perceber a necessidade de capacitação específica sobre orgânicos passou a se reconhecer como uma grande produtora, mudou a forma em que ela se percebe e como se apresenta: “eu sou uma grande produtora, mas eu tenho uma propriedade pequena”.

A jornada de todos:

No relato dessas três “grandes” produtoras (Sandra dos Anjos em fevereiro, Sandra Cintra e Maria Rose em março) podemos identificar a importância e necessidade de educação e formação em negócios, como afirma Joelcio Carvalho (Centro de Excelência Contra a Fome do WFP) “é necessário que os produtores tenham uma gestão da sua propriedade sabendo quais são seus custos, qual é a estratégia para vender e os potenciais mercados”, entendendo que o mundo orgânico é complexo e com características específicas e diferentes dos mercados convencionais.

Bora assistir o documentário “Da Terra Nascem Protagonistas” “Da Terra Nascem Protagonistas” e conhecer outras histórias inspiradoras e a potência do lindo trabalho orgânico que realizam os produtores dia a dia e na gestão dos seus negócios rurais e urbanos, sendo protagonistas de uma mudança de um sistema tradicional, a um sistema de alimentação orgânico e sustentável.

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