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Banco de Alimentos e AdC

Junho de 2020: As mais variadas notícias inundam diariamente nossas telas, olhares e atravessam nossas vidas. Sabemos que a vida não está fácil.

A Aventura de Construir sempre realizou um trabalho contínuo de acompanhamento com os microempreendedores, e durante esta pandemia, apesar de não ser óbvio, o vínculo se estreitou ainda mais.

A criatividade e a responsabilidade da equipe da AdC unida ao engajamento dos empreendedores vem mostrando que apesar de tanta tristeza, existem brechas que garantem o fôlego para seguir o caminho de olhos atentos.

E quais são essas brechas, afinal?

Em fevereiro de 2020, a satisfação em concluir mais um ciclo de capacitações foi ainda mais forte, pois além da participação ativa de todos os envolvidos, quatro empreendedoras tornaram-se também executoras durante as aulas. Com dedicação e técnica, o conhecimento delas foi compartilhado e inspirou a todos presentes, evidenciando que a formação de multiplicadores é, além de bem-vinda, bem sucedida por aqui!

Segunda quinzena de maio de 2020: após mais de dois meses intensos de ligações individuais buscando compreender a situação de vulnerabilidade de cada um dos empreendedores para assim orientá-los da melhor forma possível sobre como seguir trabalhando diante deste cenário, identificamos, além de inúmeras necessidades pontuais, um desejo intenso por parte de alguns de ajudar.

Seres inquietos estão sempre atentos às transformações das realidades e, muitas vezes, sabem enxergar as possibilidades que aparecem mesmo durante as tempestades.

Apesar de não ser a área de atuação da AdC, o cenário atual exige novos movimentos, e a equipe entrou em contato com Banco de Alimentos [1], e foi contemplada com a doação de 200 vouchers compras no valor de R$ 120,00 para serem distribuídos entre a rede de beneficiários e indicações dos mesmos.

Fomentando a lógica de potencializar cada vez mais o protagonismo dos beneficiários e torná-los também multiplicadores, cinco empreendedores referência da AdC, sendo quatro de localidades diferentes (Pirituba, Vila Aurora, Jardim Canaã e Cidade São Pedro) foram os responsáveis pela distribuição dos cartões em seus bairros no esforço de diminuir os impactos da pandemia, fortalecendo o território onde trabalham e vivem.

Carla Caputo (filha da empreendedora Maria Eliane Caputo), Cristiane Moura, Maria Alcione, Rodrigo Pedroso e Sabrina Maciel são empreendedores de diferentes ramos de atividades (salão de cabeleireiro, produtos farmacêuticos, assistência técnica de eletrônicos, comércio de roupas e mercado) e possuem em comum, além da força diária para superar desafios, uma enorme vontade de ajudar.

Além das indicações da própria equipe da AdC, os multiplicadores entregaram os cartões para pessoas que eles identificaram a partir da experiência viva que é morar e trabalhar nos bairros citados acima.

Eles fazem de seus trabalhos algo que transborda a rotina: criam vínculos, sabem acolher bem as pessoas, sabem os nomes delas, seus gostos e também suas dores. Por esses motivos estes empreendedores foram fundamentais para a distribuição destes cartões.

Ora, mas é tão difícil distribuir uns cartões? É trabalhoso, exige organização. Eles preencheram planilhas, tabelas, tiraram fotos e acima de tudo, respeitaram todas as normas de segurança.

Além de fazer o que foi pedido, fizeram a mais: alguns após o término de seus trabalhos, levaram os cartões para pessoas impossibilitadas de recebê-los nos estabelecimentos combinados, como idosos acamados ou aqueles que não tinham dinheiro nem para a condução.

A experiência de participar ativamente de uma rede de solidariedade como essa transformou cada um deles, como foi relatado por Cristiane e Carla, respectivamente:

“O que nós aprendemos é que reclamamos muito, reclamamos de um boleto que você não conseguiu pagar, a gente reclama de um carro que quebrou, a gente reclama de uma casa que não é grande o suficiente, mas nós aprendemos que tem muita gente com necessidades tão maiores…”

Mesmo com dificuldades com minha família neste momento tão delicado, eu estava sentindo a necessidade de auxiliar as pessoas de alguma forma, quando a Aventura de Construir entrou em contato, falando da ação, achei fantástico!”

E a pergunta do começo do texto retorna: e quais são estas brechas, afinal?

Além de identificar as oportunidades no meio da tempestade, as brechas aumentam com ações. Estes empreendedores encontraram em suas dificuldades cotidianas força para ajudar e fortalecer outras pessoas. Refletiram sobre suas próprias vidas e ganharam fôlego para seguir a caminhada. Cristiane finaliza:

“(…) o bem está em todo lugar e a Aventura de Construir e o Banco de Alimentos me proporcionaram a enxergar isso, a entender mais a realidade de pessoas que muitas vezes estão próximas de mim. Essa oportunidade me ensinou a ser mais grata pelo pouco que eu tenho!”

[1] “ONG fundada em 1998. É uma associação civil que recolhe alimentos que já perderam valor de prateleira no comércio e indústria, mas ainda estão perfeitos para consumo, e os distribui onde são mais necessários.”

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