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As novas estratégias em um cenário inesperado

Nesta pandemia do novo coronavírus (Covid-19), as atividades presenciais da Aventura de Construir (ADC) foram suspensas por tempo indeterminado. A partir desta nova situação, a equipe se concentrou em pensar em como continuar acompanhando os microempreendedores com a mesma responsabilidade e ímpeto que sempre fez.

Partindo desta realidade, nossa estratégia foi apostar em ligações individuais para conscientizar nosso público sobre a pandemia, buscando compreender a situação de vulnerabilidade de cada um para, assim, podermos fornecer orientações sobre como seguir trabalhando diante deste cenário ou mesmo como buscar outras oportunidades de trabalho, sempre lembrando da importância do autocuidado e do fortalecimento da economia local.

Nestes últimos dias, realizamos mais de cinquenta ligações para os microempreendedores acompanhados pela Associação. Os objetivos foram:

  1. Entender a situação geral do empreendimento durante a crise;

  2. Entender se existe alguma estratégia criada para o enfrentamento dos próximos meses;

  3. Identificar estratégias que possam ser aderidas neste momento;

  4. Identificar as maiores dificuldades e quais microempreendedores mais precisam de apoio, assim poderemos seguir com este trabalho de forma a atender às urgências.

É fato que enviar uma mensagem de WhatsApp é muito mais rápido que ligar para as pessoas, mas a conversa por telefone nos permite ouvir o outro e nos fazemos ouvir também. Isso é fundamental neste momento de vertigem total e permite entender a situação especifica de cada uma dessas pessoas com quem falamos e partir da realidade – um dos pilares metodológicos da Aventura de Construir.

Entender o contexto de cada empreendedor permitiu identificar quais são suas maiores necessidades, nos orientando pararespostas mais adequadas. Algumas orientações podem apresentar um tom geral, mas não há receita milagrosa única para enfrentar esta emergência.

Até agora, a maioria dos empreendedores contactados pela Aventura de Construir estão de portas fechadas, dentre eles, alguns conseguem realizar suas atividades de forma parcial, como o caso de Sabrina, dona de um mercadinho na região da Voith e do marceneiro Adriano de Cajamar.

Mesmo sendo minoria, existem aqueles que se arriscam em meio a fiscalização da Prefeitura e da doença que assola o país, abrindo seu empreendimento, pois vivem do dinheiro que entra no dia-a-dia, como o relato da empreendedora de uma loja de sorvetes e açaí da região de Taipas, “se eu parar, não tenho como sobreviver, mesmo aberto ainda tenho que decidir se pago a água ou a energia”.

Dos 100% de empreendedores atendidos, 46% tem recursos para se manterem por 3 meses e 23% não consegue passar mais de 15 dias com o orçamento. Apesar do cenário complexo, é preciso discernimento para identificar as ações possíveis para enfrentar a crise e por isso, a Aventura de Construir segue o trabalho de acompanhamento em um momento em que o apoio é fundamental, como comenta a empreendedora Carla Livraes: “Eu agradeço por vocês estarem aqui para ajudar nesse momento que é super difícil, principalmente para quem trabalha por conta”.

Cada diálogo possibilitou uma troca de experiências. Ao conversar com uma dona de salão de cabeleireiro, por exemplo, ela contou que havia suspendido os atendimentos, mas, ainda estava indecisa sobre o que deveria fazer caso algum cliente a procurasse. A orientação clara da Aventura de Construir foi que ela não realizasse nenhum atendimento e divulgasse seu posicionamento em público pelas redes sociais.

Lidar diretamente com o público é uma grande responsabilidade, afinal, muitas vezes, uma cliente escuta mais sua cabeleireira do que o pronunciamento oficial do Governo. Isso ocorre pela proximidade e criação de vínculo.

Por isso, conscientizar os empreendedores sobre este tema é fundamental, uma vez que, ao se conscientizarem, eles podemmultiplicar este conhecimento entre os pares, aproveitando seus respectivos vínculos. Desta forma, desenvolvem e fortalecem o território onde trabalham e vivem.

Trata-se de um trabalho que busca gerar protagonismo acreditando na centralidade da pessoa, outro pilar da Aventura de Construir. Levando isto em consideração, durante todas as ligações, estivemos atentos a identificar também as estratégias que os empreendedores têm encontrado para enfrentar este momento em transmitir para outros que precisem.

Sempre levando em consideração as necessidades distintas de cada um, preparamos uma lista com algumas dicas coletadas durante as ligações que podem ser úteis:

  1. Negociar o aluguel do empreendimento (abater ou atrasar – entendendo o contexto de quem aluga);

  2. Não investir em nada novo, nem realizar empréstimos, mas se planejar com o que já tem;

  3. Estimular o vínculo com os clientes, mas com cuidado para não sufocá-lo com mensagens;

  4. Publicar nas redes sociais a situação do empreendimento (desde quando está fechado, se existe algum serviço disponível, contato, etc.);

  5. Produção de conteúdo online (postagens, vídeos, séries, tutoriais);

  6. Grupo de WhatsApp para alavancar curtidas nos posts e se ajudar dentro dos bairros.

Como já colocado, não há resposta única, mas entender a situação do outro e identificar quais são as necessidades e estratégias contribui, muitas vezes, para aumentar o campo de visão e enxergar melhor a própria situação.

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